Saturday, November 8, 2014

Better Days Ahead

Hoje volto a escrever. Volto após longa ausência. Desde a última vez que aqui escrevi, aconteceram muitas coisas que fizeram com que minha vida mudasse. Mais, uma, vez!

Sempre acreditei que a vida nada mais é do que uma série de momentos, experiências apenas minha, sua, de todos nós.. ou algo do estilo. Não importa se as páginas que preenchemos dia após dia, são de drama ou de alegria. Apenas importa que estejam cheias ou vazias de momentos, com tudo ou, paradoxicalmente, nada. Mas que a soma destas lembranças, destes instantes, nos defina. Que traga algo de divino a um segundo que um dia chegará ao fim. Pois da vida não nos restará nada. A morte é sempre o resultado final da vida. É a morte do corpo e tudo o mais que é anexado à ele.

No entanto, podemos viver eternamente na lembrança das pessoas, na arte, e quem sabe até em nossas memórias para outras vidas, se elas realmente existem, coisa que acredito ser verdade mas não posso fazer que não crê, acreditar.  Então, fica a dúvida para os descrentes..

A verdade é que a vida, estas páginas em branco que nos são dadas a cada minuto, vão acontecendo com ou sem a nossa interferência. Acredito que consciente ou não, todos desenhamos cada traço, escrevemos cada letra, da nossa história. Escolhemos os personagens, o ambiente, o tom, absolutamente tudo, mesmo aquilo que jamais poderíamos em sã consciência escolher, como a tragédia, o caos, a dor..

Ano passado, para este data, eu estava sofrendo imensamente. Talvez eu não saiba o que é a dor da perda de um ser querido, da morte física de um familiar, amigo, esposo, filho. Mesmo assim, isto se equipara. Foram dias sombrios. Extremamente escuros. Se hoje escrevo de uma posição muito diferente daquela, foi porque tive que enfrentar cada momento, cada desafio e cada dificuldade da pior maneira possível. Só assim pude, ao fim, lidar com tudo o que há de pior. E pude encontrar a luz que há na escuridão. Pois as trevas não existem. A luz, a vida (a real, não esta física) existe no meio da morte, da dor. E é só lá que podemos encontrar a saída real para nossos problemas.

Sobre a dor do que vivi escreverei mais intensamente em alguma outra ocasião, não por diversão, mas para poder dar vasão ao que há de melhor em mim. Claro, que não quero expor ninguém, principalmente minha familia. Mas acredito que talvez minha história, que na verdade não é só minha, é uma série de momentos, de páginas, experiências que talvez para alguém, um dia, possa servir de guia ou, quem sabe até, inspiração, para coisas melhores.

Vou começar tentanto descrever um pouco do que sentia nesta mesma época, ano passado. Novembro de 2013. Para começar não sabia nem que dia era, nem mês, muito menos ano. É mentira, é claro. Sabia bem, que dia 10 desse mês, por exemplo, era meu aniversário. Mas isso não importava. Nada importava. O único que importava era "o que vai acontecer?" e "o que vou fazer?". Bom, eu sabia o que eu tinha que fazer.

Li outro dia que a felicidade, às vezes, é fazer algo que não nos dá prazer. Ela pode estar escondida em algo que nos faz miseráveis, mas que sabíamos tínhamos que ser feito. E aí, nessa escolha, residia a felicidade. Na missão cumprida. Algo assim aconteceu comigo nessa época. Depois que li esse texto, que de outra forma não faria sentido algum pra mim (e acho que para a maioria das pessoas a não ser que sejam masoquistas), pude compreender claramente o que autora explicava.

Era isso. Eu sabia que abandonar meu apartamento em São Paulo, vender tudo, me mudar ao Rio de Janeiro, uma cidade que tinha razões de sobra para detestar, era a pior escolha possível. Tudo em mim doia. Eu não sou uma pessoa materialista, no sentido mais literal da palavra. As coisas realmente não importam pra mim. Ter a melhor roupa, ou carro, ou acumular coisas, apenas pelo prazer, jamais foi um hobbie meu. Nem títulos, nem marcas.. No entanto, sou a pessoa mais materialista que conheço, no sentido que ter um apego ferrenho a tudo que possuo, seja uma blusa de mil novecentos e bolinha, um texto, um livro, meus aparelhos eletrônicos ultrapassados, um relógio velhíssimo, coisas assim.. não consigo me desfazer mesmo sabendo que eles mereciam estar no lixo.

Demorei cerca de 2 anos para  montar "meu apartamento". Quando digo meu apartamento, a maioria das pessoas pensa "oh, era algo próprio, não alugado". Pois bem meu apartamento era um contrato de 30 meses, com seguro fiança renovável a cada ano (bem carinho, por sinal). Em outras palavras, não, não era meu. Como disse antes, meu materialismo, ou excesso de carinho por ele, me faz chamá-lo assim. Foi muito importante pra mim, apesar de que eu sabia que um dia iria deixá-lo. De fato, quando o aluguei pensei em gastar o "minímo possível" (se isso é possível no Brasil) nele pois sabia que um dia iria embora. Adoro São Paulo, mas jamais pensei morar eternamente aqui. Não fazia parte do meu plano, ainda. E era apenas um aluguel, de 30 meses, então, não, não era meu. E pior, não poderia levar nada comigo tão fácil para a casa dos meus pais. Então tentei não acumular coisas demais. Até pois sabia bem da minha tremenda dificuldade em me desfazer de qualquer coisa.

No primeiro ano apenas tinha uma cama, uma pequena mesa dobrável e o mais básico do básico (fogão, geladeira e máquina de lavar, conquistada por último e após meses de louvável esforço, lavando roupas à mão). Tudo isso foi adquirido à prestações. Aos poucos fui conseguindo mais coisas. Algumas melhores que outras, mas no fim nada muito sofisticado. Porém era minha cara. Eu amava meu espaço apesar da sofrível decoração, o banheiro que nada tinha de aconchegante. Ainda assim, após minha primeira longa viagem fora de casa, ao voltar pra "casa" senti total e completamente acolhida naquele lugar. Senti como se eu pertencesse a algum lugar e aquele lugar era aquele. Eu sabia que era minha prisão também. Aquele lugar me impedia de estar em outras partes, viajar pelo mundo, conhecer minha alma gêmea... De ser melhor.. e de buscar meu sonho. Todas aquelas coisas (mesmo aquelas que havia ganho, como uma estante de livros que amava) tudo, tudo.. era uma forma de me esconder. Mas sentia certa paz. E acredite, quando uma pessoa, que da última vez que contabilizou contou mais de 50 endereços em sua vida (isso mesmo, 50!), diz que sente uma imensa felicidade em ter um lugar para chamar de seu, não mente.

Então, quando me vi na situação de largar tudo, de ter que vender, por falta de alternativa melhor no momento, foi bem traumatizante. Era outra mudança, outra despedida cruel. Apesar dos problemas que esse lar tinha, foi bem sofrido ter que dizer adeus. Diariamente sofria com os barulhos e pó da construção de um prédio bem em frente ao meu e, de verdade, algo em mim se alegrava de terminar assim a relação com ele. Ainda assim, me desfazer de tudo foi extremamente complicado. Mas não pensei duas vezes. Aliás, nem pisquei os olhos. Para mim essa decisão era tão claro quanto o saber que "2 + 2 são 4" ou a nossa necessidade de oxigênio para viver. Era um fato, claro, irrefutável. Eu tinha que ir. Tinha que vender tudo. Tinha que estar onde meu irmão estava. Por mais que doesse, e se eu disser que não doeu, que não me odiei por isso e que não xinguei a deus e o mundo por isso (principalmente meu pai), estaria sendo hipócrita. Mas eu tinha que.. sem argumentos.

Tipo assim, você cortaria seu braço pelo seu irmão? Ou doaria um órgão pra ele? Ou sei lá o que mais?.. Sim, óbvio! claro que não cortei meu braço por ele. Muito menos fiz algo tão louvável como doar um órgão, até porque ele mesmo não precisava. Aliás ele não pediu nada disso. Ele nem precisava de nada disso. Mas eu SABIA, eu só sabia, com a certeza que quem sabe exatamente o que deve ser feito, que deveria estar ao lado dele, naquele momento. Que não poderia prosseguir minha vida, naquele momento, sem estar perto dele. Não poderia viver com isso (deixá-lo sozinho mais uma vez) para o resto dos meus dias. Não era uma opção. Eu simplemente não podia, não poderia. Ninguém me obrigou a sentir a dor que senti. Ninguém. De abandonar "meu ap". Nem eu mesma. Não existia culpa. Apenas tinha que ser. Simples assim.

Demorei 3 fins de semana para desfazer pouco mais de 2 anos da minha vida. Vender tudo. Nem sei como fiz tal coisa. Isso significou 3 viagens de ida e volta ao Rio. Todas elas carregando as coisas que de valor financeiro pouco ou nada retiam. Eu e minhas tralhas (sei que o Rica, do "destralha" vai rir com isso) mas lá fui eu carregando tudo o que mais podia para uma vida completamente sem propósito, sem rumo, sem direção... pois não sabia o que ia ser, ou como ia ser. E tudo o resto, o mais que pude, joguei fora, doei, vendi e abandonei pelo caminho, mais cedo ou mais tarde.

No dia do meu aniversário passei chorando com raiva por ter que me jogar nessa "aventura" sem volta. Não me sentia vítima total (só em parte) da minha situação. Mas como disse, eu tinha que fazer. Não havia dúvidas em mim, nenhuma sequer, se tinha ou não que fazer isso. Aliás, acho que foi a única decisão que tomei na vida com absoluta certeza, que não fazia a menor ideia se a merda estava fazendo era a correta, mas eu sabia que era: tinha que fazer! E fiz.

E foi assim que após esse fim de semana, justamente do meu aniversário, eu fui definitavemente, com o resto das tralhas (e não eram poucas apesar das inúmeras viagens) pro Rio de Janeiro. Dias depois, aliás semanas, lembro-me que acordei em casa e percebi que não tinha ideia que dia era. Claro, algo em mim sabia que já havia passado novembro, e o pior também havia passado, mas eu ainda achava que era setembro, sabe? Lembro-me de ficar buscando a data na minha cabeça, tipo hoje é..  e disse a mim mesma "hoje é 20 ou 25 de setemebro?" foi aí que percebi que o tempo para mim não tinha realmente passado. Aquelas páginas (dias) desde quando soube da notícia do deseparecimento do meu irmão até aquele momento tinham sido escritas, mas eu não processava. Foram  meio que apagadas da minha memória. Era como se nunca tivesse vivido. Ou nunca quisesse viver. Pode parecer tudo muito dramático. E de certa forma é. Não é nada mais dramático ou horripilante do que as tragédia que inúmeras pessoas vivem diariamente. De fato, na verdade não foi tanta coisa que vivi. No fim, meu irmão está bem, vivo, e eu também. Meu pais e irmã também. Sobrevivi. Sobrevivemos. Não passei fome. Não fui estuprada, nem violentada, nem perdi nenhuma parte do corpo. É. Verdade, não foi tão ruim assim. Também não é nenhuma história de conto de fadas a que tenho pra contar. Mas assim como eu várias pessoas, aliás todos nós, sofremos, uns mais outros menos, uns com razão outros nem tanto, nesses momentos (bons ou ruins), nessas páginas em branco, que nos são dados a cada dia com a dávida da vida.

E, assim como eu, aliás todos nós, temos sempre uma opção, a de sofrer, encarar a dor, ou a de sorrir, dar um tapa na cara das circunstâncias da vida, apesar destas serem pouco ideias, e sermos felizes. Com braços ou sem, com um coração partido ou não, com problemas ou sem problemas. A escolha é sempre nossa!!!

Após um período (nada fácil e de muito aprendizado) de aproximadamente 4 meses no Rio de Janeiro, decidi desta vez com muita insegurança e receio, ir embora dessa cidade. Embarquei rumo ao Chile, sem saber quanto tempo ficaria, se era definitivo ou não, nem sabendo o que iria fazer por lá.

No fundo eu sabia, eu precisava me curar, digerir tudo aquilo que vi e vivi, começar algo novo. A ideia (sempre presente em mim) de escrever um livro, parecia-me algo muito mais paupável. Mas eu estava muito frágil ainda, e muito perdida para tal empreendimento. Mas, foi nesse período, que comecei um projeto, o #100betterdays, que coincidentemente, remetem ao título deste blog "Dias Melhores..". Isso mudou mais uma vez minha vida. Mas de maneira que JAMAIS podia esperar. Nem tudo foi better, é claro. Essas mudanças estruturais mexeram demais em muitas áreas de minha vida e uma delas, sem estrutura nenhuma, acabou me derrubando, quase me destruindo. Fui obrigada a confrotar minhas inseguranças em relação ao amor. Não foi fácil, esses "momentos" quase que acabaram com o propósito do projeto. Mas o projeto venceu. Foi muito mais forte, e, muito mais importante do que essas problemas sentimentais. Tanto que, me mudaram pra sempre. Iniciaram um processo sem volta do qual agora faço parte.

É óbvio que, somente quando confrontei o "x" da questão, e quando voltei ao Brasil, é que realmente a ferida no coração começou a cicatrizar. Foi só aí que percebi também o quanto tinha mudado para melhor após esses 100betterdays e quão longe poderia chegar. Também percebi que meus problemas, principalmente minha trava com a escrita, ainda estava longe de ser resolvida. Existia muito medo, existe ainda muitas coisas a serem "reprogramadas". Mesmo assim, posso dizer HOJE que sou uma pessoa muito melhor do que era antes. Que esses 100 dias melhores começaram um processo sem retorno em torno da VERDADEIRA felicidade, do autoconhecimento, da riqueza de espírito.

Sim, existe muito ainda por melhorar. Muita coisa difícil ainda para digerir em mim mesma, na minha vida, na dos outros.. mas mesmo assim eu sei que vai ficar melhor. Vai ser melhor, porque hoje já sou a melhor pessoa que posso ser. Agora é só por tudo isso pra fora. E a mágica, da mudança real, de ver aquela Simone realizada, completamente, irá acontecer. Pois para isso só falta uma coisa: um passo na direção certa. Um passo não dado antes e que poderá, de fato, mudar essa série de momentos de tragédia para comédia, de drama para euforia, de solidão para plenitude.

Meu próximo post falará um pouco mais do que foram esses 100betterdays, do que se tratava o projeto e no que irei transformá-lo a partir do dia 10 de novembro, data do meu nascimento e do nasciemento de uma nova "eu".

Muita luz e paz,
Simone




Friday, February 18, 2011

Decisões e "oportunidades".

Não sei se alguém lê/lia o meu blog regularmente, então não sei se fui a única a sentir falta dele. Nesse tempo que estive sem escrever, pensei seriamente até em deixar o blog de vez. No fim, decidi por voltar. Não por causa dos meus leitores, pois afinal são quase inexistentes, mas pela necessidade de escrever. Quem sabe um dia, quando o blog for mais interessante (e tenha mais seguidores), posso enfim dizer que escrevo pela audiência. Por enquanto, me importa somente escrever e colocar meus pensamentos "no papel".

Escrevo porque tenho que tomar grandes decisões nos próximos dias, nas próximas duas ou três semanas. Também tenho "oportunidades" para resolver. [Decidi que problemas são na verdade grandes oportunidades, então de agora em adiante assim irei chamar esses tremendos obstáculos - verdadeiras pedras no meu sapato - que teimam em aparecer na minha vida.]

Pensei muito na minha vida nos últimos dias. Pude fazê-lo porque finalmente tive tempo, por íncrivel que pareça. Desde que voltei do Chile, das minhas supostas "férias" - quando também tive que trabalhar - corri contra o tempo para cumprir todas minhas responsabilidades. Consegui. Mas depois disso, e sem trabalho, tive que mergulhar na minha busca por um emprego digno neste país, nesta cidade que, assim como Nova York, não perdoa iniciantes - uma verdadeira "Selva de Pedra".

O resultado desta busca intensa por trabalho tem sido positivo apesar de ainda estar bem longe do ideal: uma entrevista que resultou em um trabalho temporário (no qual estou agora empregada) e, logo, em duas entrevistas mais (após finalizar testes de seleção), uma em São José dos Campos e outra aqui em São Paulo, que ainda irei realizar. E, ontem, recebi uma terceira ligação de entrevista para um emprego na minha área. Porém, todos eles com salários muito menores do que gostaria, mas fazer o quê.. é um começo, pelo menos.

Então, pensei muito sobre a minha vida em todos os sentidos. Naturalmente sinto um certo temor de deixar o passado ou que ele me deixe. Mas é preciso. Não se pode olhar pra frente sem deixar o que passou. Agora, mais do que nunca, começo a vislumbrar um futuro melhor, dias melhores. Apesar de saber de que o caminho será muito mais árduo do que imaginava.

Acho que agora, finalmente, velhas feridas da minha vida nos EUA estão cicatrizando. A marca fica, claro. Mas por elas sou mais forte. Não sei se seria possível ser o que sou, sem elas. Mas sei também que mereço muita coisa boa, não só pelo esforço e dedicação mas porque simplesmente eu mereço assim como qualquer outra pessoa neste planeta, por mais ruim que seja, merece.

As decisões que preciso tomar, como sempre, afetam todos ao meu redor. Preciso decidir, por exemplo, qual emprego escolher, caso tenha opções. Preciso também reavaliar minhas metas e, principalmente, me armar de coragem para enfrentar os desafios de entrar em uma nova área, permanecer na mesma e ter que me especializar ou abrir meu próprio negócio.

Queria muito usar meu blog para comentar coisas do dia-a-dia da vida na cidade de São Paulo, mas infelizmente não será desta vez ainda. Por enquanto, preciso me dedicar completamente ao que estou fazendo, a única maneira de estar realmente preparada para as reais oportunidades. E elas virão. Tenho certeza que sim.

Como bem diz o ditado "depois da tempestade, sempre sai o sol".

Vos deixo com a música linda do Legião Urbana para inspirar "quando o sol bater... "

Sunday, October 24, 2010

"Lixo Extraordinário" e a minha vida

Hoje fui ver o documentário "Lixo Extraordinário" onde o artista Vik Muniz é um dos principais protagonistas de uma história de heróis contemporânea. A experiência que começa como um projeto para "devolver algo à comunidade", ao lugar de onde Vik veio (Brasil), com a ideia de fazer arte do lixo, acaba indo indo mais longe do que o esperado. Acaba transformando o próprio Vik e todos os envolvidos de forma inesperada.

Na sessão de hoje, que foi na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o diretor João Jardim, esteve presente. Ele mesmo disse que não imaginava o valor oculto nas pessoas que trabalham em tal lugar, descrito pelo próprio Vik algo como "a camada mais baixa da sociedade". No filme Vik diz que achava que as pessoas que alí estavam eram como o lugar: lixo. Porém, sem uma atitude de pretensão, ele foi ao encontro dessa gente, para trazê-los ao centro dos holofotes. A ideia era fotografá-los, fazer arte e com isso contribuir para a melhoria da vida dessas pessoas. Afinal ele por ter sido pobre um dia, não fazia questão em se exibir, e como toda pessoa brilhante e sensível que vem de baixo e surge, queria simplesmente mostrar que o, que eu chamo de, elitismo, no Brasil é perverso e que algo ao fim deve ser feito para combater essa indiferença ao sofrimento alheio.

Vik, obviamente, aos poucos, foi percebendo a extraordinária beleza oculta na vida dessas pessoas. Mal sabia ele que a história dessas pessoas era fora do comum. Eram simplesmente histórias de pessoas honestas, sábias, trabalhadores, felizes, e muito mais humanas do que a maioria. Além disso, percebeu como era ele o que mais aprendia com essas pessoas. No fim, nem o lixo era realmente lixo, ou era, porém extraordinário.

Achei o filme impressionante pela sinceridade tanto do Vik, como das pessoas. O filme passa uma imagem que quase sempre nossa sociedade insiste em virar a cara. Isso e o caráter transformador do filme o fazem ser simplesmente imperdível para qualquer um que acredita que mudanças são possiveis ainda que nas mais inóspitas situações.

Queria há tempos escrever sobre como tenho me sentido nesses últimos meses desde que voltei. Esse filme simplificou tudo. De um lado, sinto o desejo de Vik. Sinto que devo devolver algo à sociedade. Me sinto muito sortuda, rica, mesmo não tendo muito dinheiro ou fama, por ter aprendido e vivido tudo o que vivi. De outro lado, me vejo na posição de Vik, sendo apenas uma ferramenta na vida de outras pessoas que acreditam em um projeto transformador, seja ele qual for.

Acredito que a história de cada um de nós é única. O fato de eu não ter virado símbolo ou referência mundial em alguma coisa não quer dizer que não tenha como fechar o ciclo que comecei há aprox. 12 anos atrás quando me encontrava atada a um passado de sofrimento e pobreza. Ainda falta muito, falta conquistar coisas que me façam sentir que estou "garantida", uma casa, um trabalho, uma familia. Mas, ao mesmo tempo, não sinto que preciso disso tudo para poder dar início a um trabalho mais profundo na sociedade. Não acredito que a 'responsabilidade social' tenha que vir somente das empresas, do governo ou dos indíviduos que estão bem financeiramente. Ela deve vir de todas as esferas da sociedade.

O que pretendo fazer nos próximos dois meses é me dedicar em tempo integral ao meu trabalho na comunidade. Esse é meu projeto agora. Não há tempo a perder. Cada dia mais estou convencida que é tempo de dar espaço para isso acontecer. E nada melhor do que olhar para as origens. Começar de onde tudo começou.

Vik é um herói, aquele que após longa jornada volta à casa e traz com ele um olhar de fora. Uma luz, uma esperança. Que a vida das pessoas do filme e, a do Vik mesmo, sirvam como exemplo para todos nós.

A seguir, vejam o trailer do extraordinário filme "Lixo Extraordinário":




"Quando perdemos a capacidade de indignarmos ante atrocidades sofridas pelos outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados"
-Vladimir Herzog

Saturday, October 23, 2010

Under construction...

Lembram do post onde falei da canção "Se essa rua, se essa rua fosse minha..."? Pois bem, agora literalmente, essa rua em questão é a minha... se essa rua fosse minha eu mandava asfaltar já!! rs

Acontece que nos últimos dias a rua onde moro foi alvo da equipe da ComGás que veio aqui fazer um trabalho emergencial. É, pelo visto, vieram cuidar de um problema e deixaram outro. Se quiserem ver a matéria da reportagem da Veja sobre o assunto, leiam aqui.

Como a multa pelos "estragos" agora é alta, alguém decidiu que realmente o reparo deveria ser feito o quanto antes. E foi. Bom, está sendo. Hoje de manhã fui acordada com o barulho mais uma vez incomôdo (porém necessário?) de caminhões e gente trabalhando na minha rua.

Infelizmente, hoje acordei mal de saúde, pior que nos dias anteriores, a gripe me pegou de jeito. E eu que achava que ia ser mais leve por ter estado doente também quando minha mãe estava aqui, há pouco tempo atrás. Com minha imunidade baixa, aproveitei pra pegar também, mais uma vez, a "bendita" conjutivities! Pelo visto uma vez só não foi o bastante. :(

Como dizem por aí, 'ao mau tempo boa cara'. Fui mesmo assim à padaria, preparei um café da manhã delicioso que curti com um bom amigo em casa e depois fui tentar a sorte no consultório médico aqui perto de casa. Na volta percebi duas coisas:

1. Houve um acidente "feio" na minha rua. Feio pra dona do carro; aparentemente sem vítimas.
2. A rua estava bem zoada. Pior de como estava ontem.

O motivo do primeiro não sei, mas sei que ocorreu às 3 da madruga. Provavelmente alguém que bebeu demais e que talvez por causa dos buracos da rua se deu mal (engraçado que a jornalista da matéria meio que previu isso no artigo acima). A razão do segundo é que estão reparando a minha rua. Sei que eles tem até amanhã às 18hr para fazê-lo.

Conclusão: a rua está pior do que estava, o trânsito piorou, até acidente teve e ainda tem mais barulho por vir. Nada alentador, né?

Pois bem... Isso me fez refletir. Ver a rua assim toda destruída, me fez reparar nos buracos deixados na calçada também por conta do trabalho da companhia de gás. E daí pensei na minha situação. Eu me senti como a rua. Toda furada, toda zoada, depois de tudo que peguei nas últimas semanas eu ainda era como a rua: estava under construction, em reformas.

Foto tirada pela Revista Veja da reportagem acima.


Pode ser a conjunção astrológica: lua cheia, sol entrando no meu signo, etc e tal. Pode ser também, como aqui dizem "inferno astral" ou meramente coisa pessoal, mas o fato de eu estar com tantos chiliques demostra mais uma vez o processo de mudança pela que venho passando. O desejo de cumprir minha missão na terra e o processo de limpeza que isso carrega, limpeza de tudo o que não serve mais, do que me faz mal. Talvez não seja tão ruim ficar doente. Talvez os buracos sejam realmente necessários se no fim tudo for renovado. Se no fim ficar melhor.

Mal posso esperar o final que terá minha rua. Por enquanto is a mess, mas logo mais ficará novinha em folha. Assim espero, assim tem que ser. Não é?

Wednesday, October 20, 2010

Jornalismo, sonho ou realidade?

Ok, confesso que estou há séculos querendo escrever um post legal sobre o que tem sido essa minha volta ao Brasil. Mas com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo até esqueci como ia contar isso sem ser repetitiva.Deu saudades de vir aqui no blog, mas tudo o que consigo pensar é sobre a minha vida profissional. Então vou sair da rotina e falar de algo que realmente não tem muito a ver com o Brasil, os EUA, o Chile ou a América mas que tem tudo a ver comigo, é claro!

Passei um bom tempo tentando decidir se o Jornalismo era ou não pra mim. Já vão 10 anos, até mais, e ainda não sei bem se é. No fundo, no fundo, sei que é tudo que sempre quis fazer. Mas algo me diz que não é bem o caminho. Pelo menos, não ainda, não do jeito pelo qual entendemos hoje jornalismo. Acho que sofro do seguinte: medo de não servir pra algo que amo... e ao mesmo tempo, de confundir o desejo de escrever com o jornalismo.

Vamos por partes. Primeiro, neste post, vou falar sobre o meu medo de não servir para o jornalismo. Não que eu realmente ache que seja o caso, mas me questiono muito sobre o assunto De fato, levo anos me questionando. Tá mais do que na hora de encarar... Na verdade eu fui deixando pra lá a possibilidade de entrar na profissão por dois grandes motivos. Primeiro, pela falta de oportunidade de estudar o que gostava no meu país e, segundo, pela dificuldade com o idioma inglês quando comecei a estudar nos Estados Unidos. Mas e agora, agora qual é a desculpa?

Bom, aparentemente não há mais nenhuma. Quando cheguei ao Brasil, há aproximadamente 4 meses e meio, já vim com um emprego garantido em uma agência de publicidade. Nos três primeiros meses nem parei para respirar. Foram tantas mudanças, tanto trabalho, tantas emoções que fiquei desnorteada. Somente agora pouco que decidi deixar a agência para decidir qual caminho tomar, é que tenho tempo para definir o que quero ou não quero.

Em Nova York, antes de vir para cá, tive a oportunidade de escrever para o jornal da minha universidade. Com a vida super corrida de lá, pude apenas escrever alguns poucos artigos mas que provaram que capacidade eu tenho para escrever. Também fiz dois testes, um para ser jornalista de negócios em um jornal online e o outro para ser uma espécie de jornalista, também de negócios, escrevendo relatórios sobre as notícias para empresas. Os dois testes foram em inglês. Nos dois fui muito bem. Poderia muito bem ter seguido um ou outro caminho sem problema. De fato, quase segui um desses caminhos. Tenho certeza que eles seriam ideiais caso fosse entrar na área. Escrever notícias de negócios em inglês, aparentemente, é bem mais fácil para mim do que escrever um profile (perfil) ou outro artigo em português. A prova disso é que não passei em um outro teste que fiz no Wall Street Journal para trabalhar como tradutora de inglês-português. Depois de 10 anos fora, sem nunca ter feito faculdade aqui e com apenas 2 anos de colegial no Brasil após anos no Chile, não foi nada fácil fazer uma tradução de um texto jornalístico, do nível de um dos jornais mais importantes do mundo na área.

Pois bem, voltei ao Brasil e aqui meu português volta aos poucos a ser o que era. E fica cada dia melhor. Porém, me pergunto, se ainda assim devo seguir em uma área tão concorrida em um mercado tão pequeno. De novo, meus olhos se voltam para o jornalismo em inglês. Mas daí me deparo com o tal problema de onde usar essa habilidade. No Brasil não existem muitos meios de comunicação, muito menos em inglês. A ideia do blog vem a tona uma e outra vez. Mas...

É, como bem diz meu pai, sempre tem que haver o bendito 'mas' na história. Mas acontece que desde que sai do emprego aconteceram tantas coisas que nem sei bem por onde começar. A visita de minha mãe, por exemplo. Sim, ela veio me visitar!! (Veja foto do lindo reencontro logo abaixo) Alem disso o meu trabalho acumulado contribuiu para que não tivesse tempo de pensar... Daí, pensei. Minto. Não pensei não, agi. Na hora que vi que teria tempo para um break para pensar, entre outras coisas na minha carreira, no sonho da minha vida... eu larguei tudo e fui. Assim que todas as responsabilidades foram cumpridas embarquei para o Rio de Janeiro no feriadão para visitar meu "anjo da guarda", meu amigo David, e além dele, o Cristo - lógico.



Eu e mãezinha curtindo uma boa feijoada, com música ao vivo em um restaurante chiquérrimo na Vila Madalena.











Era tudo o que queria... desde que cheguei ao Brasil venho querendo ir à praia. Anelava o calor, o sol, o mar, a areia. E só agora consegui. Nem preciso dizer que chegando lá não fui capaz de pensar em nada. De fato, foi o melhor que pude fazer. Aprendi várias coisas nessa minha breve viagem, um mini-break, à Cidade Maravilhosa, que logo postarei por aqui.

Meu "anjo da guarda", David, e o Cristo. Sou muito abençoada!!


E no fim das contas, o Jornalismo?? Pois é, mal voltei, aliás, mal fui, já tive uma oferta de emprego!!! É um freelance temporário, porém uma oportunidade maravilhosa a qual estarei compartindo aqui mais pra frente. Obviamente voltei e já comecei a trabalhar nisso.

Nessa correria toda nem dá tempo pra pensar muito... O jeito é descobrir na marra se é só sonho ou realidade. Me questiono ainda coisas bobas, acho que o jornalista deve ser assim extrovertido, etc e tal faço uma lista do que eu não sou e acho que assim é um jornalista. No fundo, no fundo, sei que não é bem assim. Que há espaço pra tudo no jornalismo e que tenho muitas coisas a meu favor. Falo bem três idiomas, tenho uma experiência de vida valiosíssima, sou curiosa, trabalhadora, organizada, persistente, etc e tal. Tenho tudo pra dar certo, especialmente em tempos como os nossos onde ser requer mais do que um jornalista. Se requer inovar, usar a rede (online e offline) para crescer. Sei que posso dar muito certo... porém ainda penso, quero dizer, me pergunto quando ainda tenho tempo pra perguntar... será que é sonho ou realidade?

Cada dia me aproximo mais do sonho... tenho certeza disso. A resposta virá com o tempo, se o tempo permitir. rsrs Vou lançar pro universo e esperar um dia obter a resposta. Vou deixar este post com uma canção que me veio à cabeça hoje à noite. Acho que tem tudo a ver com este momento de indecisão em relação à minha carreira. Afinal, estou otimista apesar das circunstâncias, por vezes, nem tão alentadoras. . Estou fazendo tudo o que posso e isso já basta, pelo menos por enquanto.

No fim das contas, nem sempre o sonho é tão lindo quando se torna realidade, então às vezes vale a pena esperar... nem que seja mais um pouco para decidir se o que faço é bom o suficiente, ou não, ou se devo fazer mais para viver o sonho.


OPTIMISTIC

Friday, October 8, 2010

Felicidade tem nome. O seu nome é Brasil

"Se essa rua, se essa rua fosse minha.... eu mandava, eu mandava ladrilhar. Nessa rua, nessa rua tem um bosque.... que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo. Que roubou, que roubou meu coração"

Lembrei agora pouco dessa linda canção popular.... Ahhh que maravilha é poder finalmente poder ouvir essa música e não sentir tristeza ou melancolia. O único que sinto é felicidade. Feliz estou de estar no meu país. E sim, há razões de sobra para não estar contente ... no lado pessoal e no coletivo, mas não é o que sinto. Porque será?

Buscando no YouTube a melhor versão da cantiga, encontrei essa versão aqui, e para minha surpresa veio com um extra bônus. Vejam:




"Sonho Meu.... Quem não tem sonho? Quem tem sonho, cante.
Vai buscar quem mora longe. Vai mostrar esssa saudade, com a sua liberdade. No meu céu a estrela guia, a madrugada fria só me traz melancolia, sonho meu."

O sonho é aqui, a vida é agora. O sonho buscou, me trouxe de volta. Já não há mais tristeza ou solidão. Só mesmo alegria e felicidade. Só mesmo ela para lutar por dias melhores em um país cheio de desigualdade e hipocrisia mas que não cansa de acreditar e sabe que a vida é bela, e faz dela mais bela por simplesmente ser que é.

Declaro meu amor pelo Brasil mais uma vez. Pelas suas belezas e complexidade, com paixão e devoção posso dizer hoje e sempre BRASIL, EU TE AMO!




Friday, August 27, 2010

Tudo menos a verdade.

Há algum tempo atrás fiquei super angustiada com a história de David Goldman, um pai americano que lutava pelo filho na justiça brasileira. O caso dele longe de ser simples pois envolvia dois países, um deles sem o mínimo de respeito às leis internacionais de proteção à menores (no caso, o Brasil), era marcado com provas de injustiça contra o pai. O pior de tudo, porém, foi descobrir que mesmo após o desfecho "feliz" (afinal, 4 longos anos e meio longe do filho é longe de ser uma situação feliz) a mídia brasileira (grande parte dela, pelo menos) continuava a falar mentiras sobre o caso que gerou tanta polêmica.

Mentiras gritantes, mentiras nojentas. Mentiam do mesmo jeito que faziam há anos atrás (quando eram as únicas e soberanas fontes de informação) mesmo com a poderosa presença da Internet e o ativismo nas redes sociais. Isso me deixou mais do que angustiada, me deu ira, desgosto mesmo, na alma!! Me refiro especificamente à entrevista que David concedeu à imprensa, alguns dias após a chegada dele com o filho aos EUA, e que demonstrou mais uma vez em que nível de ignorância as pessoas no Brasil se encontram se dependerem forem dos meios de comunicação usais para se informar.

É por isso que quando leio notícias e pesquisas que apontam a Dilma disparada na frente na corrida eleitoral ou vejo políticos fazendo propaganda eleitoral disfarçada de mensagem no Twitter, como costuma acontecer com o Serra, ou até mesmo com a Marina, nem me importo em analisar - já sei que aquilo é no mínimo enrolação. O brasileiro típico gosta de saber tudo, tudo, menos a verdade. Ele não sabe, nem quer mais distinguir mentira de verdade. Ele pensa que é, por exemplo, normal a violência no Rio ou em SP ou onde quer que seja pois alega que é simplesmente esporádica. Ele prefere ser indiferente por conveniência às más notícias mas quando estas chegam a ser manchetes de jornal como foi o outro dia a invasão improvisada ao hotel Intercontinental, entram em estado profundo de "denial" - ou seja, nega tudo.

Como eu nem sou do Rio, nem nunca morei lá e como em SP não houve nenhum incidente semelhante recentemente que saiba (a não ser pelos usuais assaltos que ocorrem aqui ou acolá) não entrarei em detalhes sobre a violência. Ao invés disso, falarei sobre de um dos três problemas mais graves que os paulistanos insistem em ignorar: a poluição.

Outro dia, acho que foi no comecinho desta semana, li no jornalzinho de rua o "MTV na Rua", estilo Metro (o mesmo que é famoso em vários países) só que para público jovem, que o Tietê está cada vez melhor. Tanto que até fizeram uma espécie de tour pelo rio esses dias, com direito à música de jazz e convidados. Pra ser justa com a reportagem, devo dizr que alí também diziam que ainda que o nível de poluição tivesse melhorado, levaria vários anos mais para chegar a uma situação ideal. Mas o artigo era no geral otimista demais, dizia que logo mais nosso querido rio viraria um Sena ou outro que também um dia era altamente contaminado. Além disso, o artigo dizia que o maior motivo de contaminação eram os pneus alí jogados e apenas levemente culpava o estado do mesmo ao fato do rio ainda servir de esgoto da cidade.

Tá certo que a situação do Tietê melhorou e muito, mas peraí minha gente... peraeee. "Melhorou" mas está bem longe de ser uma situação normal. Não sei aonde aquele tour com direito a músico de jazz rolou, mas no meu dia-a-dia o cheiro de merda (sim, é de merda mesmo) é intolerável nas cercanias do rio. Como cheiro é algo difícil de provar tirei algumas fotos do lixo do rio.

Fotos tiradas hoje do lixo visto no rio próximo à marginal Pinheiros.
















Então, né... o povo quer ouvir de tudo menos a verdade. Há dias que o cheiro é tão forte que é necessário cobrir o nariz e prender a respiração ao passar perto do rio. É mil vezes pior que qualquer cheiro de banheiro entupido mas mesmo assim não vejo ninguém se indignando como o fazem caso isso aconteça nos seus lugares de trabalho ou sua própria casa. Sinal que as pessoas ou se acostumaram (o que duvido com a postura altamente crítica dos brasileiros em relação à limpeza) ou então não se acostumaram mas são tão indiferentes à merda que preferem fazer de conta que não existe e acreditar em meias verdades como essa da reportagem - afinal, o rio está BEMMM melhor e como não há solução mesmo, né?

É essa postura conformista e de indiferença à realidade que mais me incomoda. E não é que isso não exista por exemplo nos EUA, principalmente nas gerações mais novas e em alguns setores mas isto aqui, o que vejo aqui... isso é simplesmente INACEITÁVEL.

Masss, claro, ninguém quer saber da verdade por aqui, tudo menos ela.

Faz tempo que não escrevia um post e desde que parei (há aprox. um mês?) queria fazer um post sobre a poluição, pois era até então meu maior problema no processo de adaptação à vida no Brasil, em São Paulo. Aos poucos vão aparecendo as questões... mas na verdade o pior de tudo, é sem sombras de dúvidas, não só a poluição, ou o excesso de mentiras, mas a indiferença à verdade. E como disse esta semana no blog da RioGringa, sem a verdade, sem encararmos a realidade, não há como mudar nada. Esse é, afinal de contas, o primeiro passo no tratamento do alcoolismo, por exemplo. E esse também é o primeiro passo no tratamento de nosso país viciado em mentiras, envenenado em sua própria indiferença aos problemas do cotidiano.

Sei que peguei pesado mas se vocês soubessem... a última agora foi a preocupação dos jornais com o ar seco, quando o problema não é bem esse. O problema é a poluição criada em grande parte pelo descaso, por exemplo, com a situação no transporte... o trânsito só tende a piorar e com o aumento do poder aquisitivo, a frota veicular só aumenta... o que me leva a falar sobre o próximo grande problema: o excesso de veículos nas ruas e o trânsito descontrolado na cidade - que ficará para um próximo post.