Thursday, July 8, 2010

When something ends, something else begins

Já faz mais de um mês desde que cheguei em São Paulo. Muitas coisas aconteceram que mereciam posts, mas por um motivo ou outro não puderam ser escritas. Talvez este não seja o momento mais oportuno pra escrever mas quem sabe não é justamente ao contrário. Veremos...

Hoje , pela primeira vez desde que cheguei, fiquei triste. Pode-se dizer que tudo começou no dia 4 de julho, domingo passado, um mês exato da minha chegada, com um certo sentimento de melancolia. Mesmo que passageiro, não pude evitar... achei estranho não estar lá nos EUA, senti faltas das minhas boas amizades e também da minha irmã, meu apartamento, minhas coisas...

Desde que escrevi o último post irônicamente intitulado "Lua-de-mel no Brasil", tive um reencontro emocionante com meu pai (faziam aprox. 10 anos que não nos viamos), fiquei doente (peguei a famosa "conjutivitits") sendo obrigada a ficar em casa sem trabalhar por 10 dias, o Brasil ficou fora da copa, meu pai foi embora, voltei ao trabalho, revi meu ex-namorado... enfim, básicamente isso. O fato é que tanta mudança, tanta emoção (de rever meu país, meu pai, etc.) mexeu demais comigo. Só que eu só vim perceber isso agora. Parece que agora caiu finalmente a ficha... a vida que era já não é mais, os sonhos não são os mesmos e o pesadelo finalmente acabou. Mas será?


PAPI & EU NO AEROPORTO


Desde que cheguei aqui tenho estado muito feliz, extremamente otimista e todo esse estado de ânimo tem me afetado muito, para o bem - claro. Nos últimos dias tenho comido de tudo (e comido pra caramba) e ainda sim estou perdendo peso (quero dizer, voltando ao meu peso normal). Mas a verdade é que apesar de estar 110% feliz com a mudança, há uma parte de mim que ainda não assimilou direito a perda. Afinal, 10 anos em outro país, em outra cidade, é uma separação, uma morte digamos assim...

Hoje ao ver um filme aqui em casa, desabei, todo aquele sentimento guardado (que tinha ficado abafado pelas alegrias de estar aqui e a presença do meu pai) vieram à tona. Aquela sensação de frustração, de perceber que ainda falta muito chão pela frente, que as dívidas continuam, que o excesso de trabalho deve continuar, que certas coisas já se foram e não voltarão, que minha "casa" não vai ser mais a que era (leia-se Nova York) e que a solidão ainda existe - apesar dos inesperados reencontros - me afetou.

O filme era uma história supostamente romântica mas triste também. Não vou contar os detalhes mas era básicamente sobre um cara que perdeu a esposa em um acidente e volta a se apaixonar. No fim (e depois de várias soluçadas - da minha parte, lógico), ficou essa frase:

"...When something ends, something else begins"

Aceitar algo que se acaba não é fácil. Já passei por isso várias vezes. Porém sempre insisto em ignorar, de fazer de conta que não acabou, mas a verdade é que enquanto não se fecha uma página da nossa vida e, como dizem por aqui, se passa a "bola pra frente" a gente fica stuck, não consegue avançar - fica só dando na mesma tecla mesmo com o teclado sendo diferente.

Esses dias em São Paulo tem sido muito bons pra mim mas agora está na hora de encarar a realidade de novo. Há muito por fazer e não dá pra viver só de ilusão. Porém antes de arregaçar as mangas e continuar com garra na luta, acredito que é necessário deixar pra trás o que não serve mais. No caso, me despido de Nova York, dos Estados Unidos, com certa tristeza, por tudo de bom que vivi lá, mas também com a certeza que era necessário pois só assim sou capaz receber as maravilhosas bençãos que recebo agora.

Afinal, "quando algo se acaba, algo novo começa"