Lembram do post onde falei da canção "Se essa rua, se essa rua fosse minha..."? Pois bem, agora literalmente, essa rua em questão é a minha... se essa rua fosse minha eu mandava asfaltar já!! rs
Acontece que nos últimos dias a rua onde moro foi alvo da equipe da ComGás que veio aqui fazer um trabalho emergencial. É, pelo visto, vieram cuidar de um problema e deixaram outro. Se quiserem ver a matéria da reportagem da Veja sobre o assunto, leiam aqui.
Como a multa pelos "estragos" agora é alta, alguém decidiu que realmente o reparo deveria ser feito o quanto antes. E foi. Bom, está sendo. Hoje de manhã fui acordada com o barulho mais uma vez incomôdo (porém necessário?) de caminhões e gente trabalhando na minha rua.
Infelizmente, hoje acordei mal de saúde, pior que nos dias anteriores, a gripe me pegou de jeito. E eu que achava que ia ser mais leve por ter estado doente também quando minha mãe estava aqui, há pouco tempo atrás. Com minha imunidade baixa, aproveitei pra pegar também, mais uma vez, a "bendita" conjutivities! Pelo visto uma vez só não foi o bastante. :(
Como dizem por aí, 'ao mau tempo boa cara'. Fui mesmo assim à padaria, preparei um café da manhã delicioso que curti com um bom amigo em casa e depois fui tentar a sorte no consultório médico aqui perto de casa. Na volta percebi duas coisas:
1. Houve um acidente "feio" na minha rua. Feio pra dona do carro; aparentemente sem vítimas. 2. A rua estava bem zoada. Pior de como estava ontem.
O motivo do primeiro não sei, mas sei que ocorreu às 3 da madruga. Provavelmente alguém que bebeu demais e que talvez por causa dos buracos da rua se deu mal (engraçado que a jornalista da matéria meio que previu isso no artigo acima). A razão do segundo é que estão reparando a minha rua. Sei que eles tem até amanhã às 18hr para fazê-lo.
Conclusão: a rua está pior do que estava, o trânsito piorou, até acidente teve e ainda tem mais barulho por vir. Nada alentador, né? Pois bem... Isso me fez refletir. Ver a rua assim toda destruída, me fez reparar nos buracos deixados na calçada também por conta do trabalho da companhia de gás. E daí pensei na minha situação. Eu me senti como a rua. Toda furada, toda zoada, depois de tudo que peguei nas últimas semanas eu ainda era como a rua: estava under construction, em reformas.
Foto tirada pela Revista Veja da reportagem acima.
Pode ser a conjunção astrológica: lua cheia, sol entrando no meu signo, etc e tal. Pode ser também, como aqui dizem "inferno astral" ou meramente coisa pessoal, mas o fato de eu estar com tantos chiliques demostra mais uma vez o processo de mudança pela que venho passando. O desejo de cumprir minha missão na terra e o processo de limpeza que isso carrega, limpeza de tudo o que não serve mais, do que me faz mal. Talvez não seja tão ruim ficar doente. Talvez os buracos sejam realmente necessários se no fim tudo for renovado. Se no fim ficar melhor.
Mal posso esperar o final que terá minha rua. Por enquanto is a mess, mas logo mais ficará novinha em folha. Assim espero, assim tem que ser. Não é?
Ok, confesso que estou há séculos querendo escrever um post legal sobre o que tem sido essa minha volta ao Brasil. Mas com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo até esqueci como ia contar isso sem ser repetitiva.Deu saudades de vir aqui no blog, mas tudo o que consigo pensar é sobre a minha vida profissional. Então vou sair da rotina e falar de algo que realmente não tem muito a ver com o Brasil, os EUA, o Chile ou a América mas que tem tudo a ver comigo, é claro!
Passei um bom tempo tentando decidir se o Jornalismo era ou não pra mim. Já vão 10 anos, até mais, e ainda não sei bem se é. No fundo, no fundo, sei que é tudo que sempre quis fazer. Mas algo me diz que não é bem o caminho. Pelo menos, não ainda, não do jeito pelo qual entendemos hoje jornalismo. Acho que sofro do seguinte: medo de não servir pra algo que amo... e ao mesmo tempo, de confundir o desejo de escrever com o jornalismo.
Vamos por partes. Primeiro, neste post, vou falar sobre o meu medo de não servir para o jornalismo. Não que eu realmente ache que seja o caso, mas me questiono muito sobre o assunto De fato, levo anos me questionando. Tá mais do que na hora de encarar... Na verdade eu fui deixando pra lá a possibilidade de entrar na profissão por dois grandes motivos. Primeiro, pela falta de oportunidade de estudar o que gostava no meu país e, segundo, pela dificuldade com o idioma inglês quando comecei a estudar nos Estados Unidos. Mas e agora, agora qual é a desculpa?
Bom, aparentemente não há mais nenhuma. Quando cheguei ao Brasil, há aproximadamente 4 meses e meio, já vim com um emprego garantido em uma agência de publicidade. Nos três primeiros meses nem parei para respirar. Foram tantas mudanças, tanto trabalho, tantas emoções que fiquei desnorteada. Somente agora pouco que decidi deixar a agência para decidir qual caminho tomar, é que tenho tempo para definir o que quero ou não quero.
Em Nova York, antes de vir para cá, tive a oportunidade de escrever para o jornal da minha universidade. Com a vida super corrida de lá, pude apenas escrever alguns poucos artigos mas que provaram que capacidade eu tenho para escrever. Também fiz dois testes, um para ser jornalista de negócios em um jornal online e o outro para ser uma espécie de jornalista, também de negócios, escrevendo relatórios sobre as notícias para empresas. Os dois testes foram em inglês. Nos dois fui muito bem. Poderia muito bem ter seguido um ou outro caminho sem problema. De fato, quase segui um desses caminhos. Tenho certeza que eles seriam ideiais caso fosse entrar na área. Escrever notícias de negócios em inglês, aparentemente, é bem mais fácil para mim do que escrever um profile (perfil) ou outro artigo em português. A prova disso é que não passei em um outro teste que fiz no Wall Street Journal para trabalhar como tradutora de inglês-português. Depois de 10 anos fora, sem nunca ter feito faculdade aqui e com apenas 2 anos de colegial no Brasil após anos no Chile, não foi nada fácil fazer uma tradução de um texto jornalístico, do nível de um dos jornais mais importantes do mundo na área.
Pois bem, voltei ao Brasil e aqui meu português volta aos poucos a ser o que era. E fica cada dia melhor. Porém, me pergunto, se ainda assim devo seguir em uma área tão concorrida em um mercado tão pequeno. De novo, meus olhos se voltam para o jornalismo em inglês. Mas daí me deparo com o tal problema de onde usar essa habilidade. No Brasil não existem muitos meios de comunicação, muito menos em inglês. A ideia do blog vem a tona uma e outra vez. Mas...
É, como bem diz meu pai, sempre tem que haver o bendito 'mas' na história. Mas acontece que desde que sai do emprego aconteceram tantas coisas que nem sei bem por onde começar. A visita de minha mãe, por exemplo. Sim, ela veio me visitar!! (Veja foto do lindo reencontro logo abaixo) Alem disso o meu trabalho acumulado contribuiu para que não tivesse tempo de pensar... Daí, pensei. Minto. Não pensei não, agi. Na hora que vi que teria tempo para um break para pensar, entre outras coisas na minha carreira, no sonho da minha vida... eu larguei tudo e fui. Assim que todas as responsabilidades foram cumpridas embarquei para o Rio de Janeiro no feriadão para visitar meu "anjo da guarda", meu amigo David, e além dele, o Cristo - lógico.
Eu e mãezinha curtindo uma boa feijoada, com música ao vivo em um restaurante chiquérrimo na Vila Madalena.
Era tudo o que queria... desde que cheguei ao Brasil venho querendo ir à praia. Anelava o calor, o sol, o mar, a areia. E só agora consegui. Nem preciso dizer que chegando lá não fui capaz de pensar em nada. De fato, foi o melhor que pude fazer. Aprendi várias coisas nessa minha breve viagem, um mini-break, à Cidade Maravilhosa, que logo postarei por aqui. Meu "anjo da guarda", David, e o Cristo. Sou muito abençoada!!
E no fim das contas, o Jornalismo?? Pois é, mal voltei, aliás, mal fui, já tive uma oferta de emprego!!! É um freelance temporário, porém uma oportunidade maravilhosa a qual estarei compartindo aqui mais pra frente. Obviamente voltei e já comecei a trabalhar nisso.
Nessa correria toda nem dá tempo pra pensar muito... O jeito é descobrir na marra se é só sonho ou realidade. Me questiono ainda coisas bobas, acho que o jornalista deve ser assim extrovertido, etc e tal faço uma lista do que eu não sou e acho que assim é um jornalista. No fundo, no fundo, sei que não é bem assim. Que há espaço pra tudo no jornalismo e que tenho muitas coisas a meu favor. Falo bem três idiomas, tenho uma experiência de vida valiosíssima, sou curiosa, trabalhadora, organizada, persistente, etc e tal. Tenho tudo pra dar certo, especialmente em tempos como os nossos onde ser requer mais do que um jornalista. Se requer inovar, usar a rede (online e offline) para crescer. Sei que posso dar muito certo... porém ainda penso, quero dizer, me pergunto quando ainda tenho tempo pra perguntar... será que é sonho ou realidade?
Cada dia me aproximo mais do sonho... tenho certeza disso. A resposta virá com o tempo, se o tempo permitir. rsrs Vou lançar pro universo e esperar um dia obter a resposta. Vou deixar este post com uma canção que me veio à cabeça hoje à noite. Acho que tem tudo a ver com este momento de indecisão em relação à minha carreira. Afinal, estou otimista apesar das circunstâncias, por vezes, nem tão alentadoras. . Estou fazendo tudo o que posso e isso já basta, pelo menos por enquanto.
No fim das contas, nem sempre o sonho é tão lindo quando se torna realidade, então às vezes vale a pena esperar... nem que seja mais um pouco para decidir se o que faço é bom o suficiente, ou não, ou se devo fazer mais para viver o sonho.
"Se essa rua, se essa rua fosse minha.... eu mandava, eu mandava ladrilhar. Nessa rua, nessa rua tem um bosque.... que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo. Que roubou, que roubou meu coração"
Lembrei agora pouco dessa linda canção popular.... Ahhh que maravilha é poder finalmente poder ouvir essa música e não sentir tristeza ou melancolia. O único que sinto é felicidade. Feliz estou de estar no meu país. E sim, há razões de sobra para não estar contente ... no lado pessoal e no coletivo, mas não é o que sinto. Porque será?
Buscando no YouTube a melhor versão da cantiga, encontrei essa versão aqui, e para minha surpresa veio com um extra bônus. Vejam:
"Sonho Meu.... Quem não tem sonho? Quem tem sonho, cante. Vai buscar quem mora longe. Vai mostrar esssa saudade, com a sua liberdade. No meu céu a estrela guia, a madrugada fria só me traz melancolia, sonho meu."
O sonho é aqui, a vida é agora. O sonho buscou, me trouxe de volta. Já não há mais tristeza ou solidão. Só mesmo alegria e felicidade. Só mesmo ela para lutar por dias melhores em um país cheio de desigualdade e hipocrisia mas que não cansa de acreditar e sabe que a vida é bela, e faz dela mais bela por simplesmente ser que é.
Declaro meu amor pelo Brasil mais uma vez. Pelas suas belezas e complexidade, com paixão e devoção posso dizer hoje e sempre BRASIL, EU TE AMO!
Há algum tempo atrás fiquei super angustiada com a história de David Goldman, um pai americano que lutava pelo filho na justiça brasileira. O caso dele longe de ser simples pois envolvia dois países, um deles sem o mínimo de respeito às leis internacionais de proteção à menores (no caso, o Brasil), era marcado com provas de injustiça contra o pai. O pior de tudo, porém, foi descobrir que mesmo após o desfecho "feliz" (afinal, 4 longos anos e meio longe do filho é longe de ser uma situação feliz) a mídia brasileira (grande parte dela, pelo menos) continuava a falar mentiras sobre o caso que gerou tanta polêmica.
Mentiras gritantes, mentiras nojentas. Mentiam do mesmo jeito que faziam há anos atrás (quando eram as únicas e soberanas fontes de informação) mesmo com a poderosa presença da Internet e o ativismo nas redes sociais. Isso me deixou mais do que angustiada, me deu ira, desgosto mesmo, na alma!! Me refiro especificamente à entrevista que David concedeu à imprensa, alguns dias após a chegada dele com o filho aos EUA, e que demonstrou mais uma vez em que nível de ignorância as pessoas no Brasil se encontram se dependerem forem dos meios de comunicação usais para se informar.
É por isso que quando leio notícias e pesquisas que apontam a Dilma disparada na frente na corrida eleitoral ou vejo políticos fazendo propaganda eleitoral disfarçada de mensagem no Twitter, como costuma acontecer com o Serra, ou até mesmo com a Marina, nem me importo em analisar - já sei que aquilo é no mínimo enrolação. O brasileiro típico gosta de saber tudo, tudo, menos a verdade. Ele não sabe, nem quer mais distinguir mentira de verdade. Ele pensa que é, por exemplo, normal a violência no Rio ou em SP ou onde quer que seja pois alega que é simplesmente esporádica. Ele prefere ser indiferente por conveniência às más notícias mas quando estas chegam a ser manchetes de jornal como foi o outro dia a invasão improvisada ao hotel Intercontinental, entram em estado profundo de "denial" - ou seja, nega tudo.
Como eu nem sou do Rio, nem nunca morei lá e como em SP não houve nenhum incidente semelhante recentemente que saiba (a não ser pelos usuais assaltos que ocorrem aqui ou acolá) não entrarei em detalhes sobre a violência. Ao invés disso, falarei sobre de um dos três problemas mais graves que os paulistanos insistem em ignorar: a poluição.
Outro dia, acho que foi no comecinho desta semana, li no jornalzinho de rua o "MTV na Rua", estilo Metro (o mesmo que é famoso em vários países) só que para público jovem, que o Tietê está cada vez melhor. Tanto que até fizeram uma espécie de tour pelo rio esses dias, com direito à música de jazz e convidados. Pra ser justa com a reportagem, devo dizr que alí também diziam que ainda que o nível de poluição tivesse melhorado, levaria vários anos mais para chegar a uma situação ideal. Mas o artigo era no geral otimista demais, dizia que logo mais nosso querido rio viraria um Sena ou outro que também um dia era altamente contaminado. Além disso, o artigo dizia que o maior motivo de contaminação eram os pneus alí jogados e apenas levemente culpava o estado do mesmo ao fato do rio ainda servir de esgoto da cidade.
Tá certo que a situação do Tietê melhorou e muito, mas peraí minha gente... peraeee. "Melhorou" mas está bem longe de ser uma situação normal. Não sei aonde aquele tour com direito a músico de jazz rolou, mas no meu dia-a-dia o cheiro de merda (sim, é de merda mesmo) é intolerável nas cercanias do rio. Como cheiro é algo difícil de provar tirei algumas fotos do lixo do rio.
Fotos tiradas hoje do lixo visto no rio próximo à marginal Pinheiros.
Então, né... o povo quer ouvir de tudo menos a verdade. Há dias que o cheiro é tão forte que é necessário cobrir o nariz e prender a respiração ao passar perto do rio. É mil vezes pior que qualquer cheiro de banheiro entupido mas mesmo assim não vejo ninguém se indignando como o fazem caso isso aconteça nos seus lugares de trabalho ou sua própria casa. Sinal que as pessoas ou se acostumaram (o que duvido com a postura altamente crítica dos brasileiros em relação à limpeza) ou então não se acostumaram mas são tão indiferentes à merda que preferem fazer de conta que não existe e acreditar em meias verdades como essa da reportagem - afinal, o rio está BEMMM melhor e como não há solução mesmo, né?
É essa postura conformista e de indiferença à realidade que mais me incomoda. E não é que isso não exista por exemplo nos EUA, principalmente nas gerações mais novas e em alguns setores mas isto aqui, o que vejo aqui... isso é simplesmente INACEITÁVEL.
Masss, claro, ninguém quer saber da verdade por aqui, tudo menos ela.
Faz tempo que não escrevia um post e desde que parei (há aprox. um mês?) queria fazer um post sobre a poluição, pois era até então meu maior problema no processo de adaptação à vida no Brasil, em São Paulo. Aos poucos vão aparecendo as questões... mas na verdade o pior de tudo, é sem sombras de dúvidas, não só a poluição, ou o excesso de mentiras, mas a indiferença à verdade. E como disse esta semana no blog da RioGringa, sem a verdade, sem encararmos a realidade, não há como mudar nada. Esse é, afinal de contas, o primeiro passo no tratamento do alcoolismo, por exemplo. E esse também é o primeiro passo no tratamento de nosso país viciado em mentiras, envenenado em sua própria indiferença aos problemas do cotidiano.
Sei que peguei pesado mas se vocês soubessem... a última agora foi a preocupação dos jornais com o ar seco, quando o problema não é bem esse. O problema é a poluição criada em grande parte pelo descaso, por exemplo, com a situação no transporte... o trânsito só tende a piorar e com o aumento do poder aquisitivo, a frota veicular só aumenta... o que me leva a falar sobre o próximo grande problema: o excesso de veículos nas ruas e o trânsito descontrolado na cidade - que ficará para um próximo post.
Já faz mais de um mês desde que cheguei em São Paulo. Muitas coisas aconteceram que mereciam posts, mas por um motivo ou outro não puderam ser escritas. Talvez este não seja o momento mais oportuno pra escrever mas quem sabe não é justamente ao contrário. Veremos...
Hoje , pela primeira vez desde que cheguei, fiquei triste. Pode-se dizer que tudo começou no dia 4 de julho, domingo passado, um mês exato da minha chegada, com um certo sentimento de melancolia. Mesmo que passageiro, não pude evitar... achei estranho não estar lá nos EUA, senti faltas das minhas boas amizades e também da minha irmã, meu apartamento, minhas coisas...
Desde que escrevi o último post irônicamente intitulado "Lua-de-mel no Brasil", tive um reencontro emocionante com meu pai (faziam aprox. 10 anos que não nos viamos), fiquei doente (peguei a famosa "conjutivitits") sendo obrigada a ficar em casa sem trabalhar por 10 dias, o Brasil ficou fora da copa, meu pai foi embora, voltei ao trabalho, revi meu ex-namorado... enfim, básicamente isso. O fato é que tanta mudança, tanta emoção (de rever meu país, meu pai, etc.) mexeu demais comigo. Só que eu só vim perceber isso agora. Parece que agora caiu finalmente a ficha... a vida que era já não é mais, os sonhos não são os mesmos e o pesadelo finalmente acabou. Mas será?
PAPI & EU NO AEROPORTO
Desde que cheguei aqui tenho estado muito feliz, extremamente otimista e todo esse estado de ânimo tem me afetado muito, para o bem - claro. Nos últimos dias tenho comido de tudo (e comido pra caramba) e ainda sim estou perdendo peso (quero dizer, voltando ao meu peso normal). Mas a verdade é que apesar de estar 110% feliz com a mudança, há uma parte de mim que ainda não assimilou direito a perda. Afinal, 10 anos em outro país, em outra cidade, é uma separação, uma morte digamos assim...
Hoje ao ver um filme aqui em casa, desabei, todo aquele sentimento guardado (que tinha ficado abafado pelas alegrias de estar aqui e a presença do meu pai) vieram à tona. Aquela sensação de frustração, de perceber que ainda falta muito chão pela frente, que as dívidas continuam, que o excesso de trabalho deve continuar, que certas coisas já se foram e não voltarão, que minha "casa" não vai ser mais a que era (leia-se Nova York) e que a solidão ainda existe - apesar dos inesperados reencontros - me afetou.
O filme era uma história supostamente romântica mas triste também. Não vou contar os detalhes mas era básicamente sobre um cara que perdeu a esposa em um acidente e volta a se apaixonar. No fim (e depois de várias soluçadas - da minha parte, lógico), ficou essa frase:
"...When something ends, something else begins"
Aceitar algo que se acaba não é fácil. Já passei por isso várias vezes. Porém sempre insisto em ignorar, de fazer de conta que não acabou, mas a verdade é que enquanto não se fecha uma página da nossa vida e, como dizem por aqui, se passa a "bola pra frente" a gente fica stuck, não consegue avançar - fica só dando na mesma tecla mesmo com o teclado sendo diferente.
Esses dias em São Paulo tem sido muito bons pra mim mas agora está na hora de encarar a realidade de novo. Há muito por fazer e não dá pra viver só de ilusão. Porém antes de arregaçar as mangas e continuar com garra na luta, acredito que é necessário deixar pra trás o que não serve mais. No caso, me despido de Nova York, dos Estados Unidos, com certa tristeza, por tudo de bom que vivi lá, mas também com a certeza que era necessário pois só assim sou capaz receber as maravilhosas bençãos que recebo agora.
Sim, nada mudou ainda. Desde que cheguei aqui, há quase 2 semanas, ainda continuo em estado de choque... no bom sentido, é claro. Vivo em uma constante fase de lua-de-mel. Até quando irá durar... não sei, nem quero saber. Estou curtindo e se Deus quiser não irá passar tão rápido.
Por que, vocês se perguntam? Por que depois de tantos anos fora do país amado, em supostamente um país desenvolvido, eu iria sentir falta de um país, afinal de contas, tupiniquim? Oras, motivos não faltam... americano que o diga. Ficam encantados com o país. Já dei muita aula de português para americano enquanto morava em Nova York, e sempre, sempre, era a mesma história... eram pessoas que gostavam de viajar, geralmente curtiam a América Latina e um dia por curiosidade ou destino acabaram vindo pra cá. E, é claro, se apaixonam e daí vivem voltando... são vítimas fatais do Brasil e sofrem pra sempre daquela doença chamada saudade. :)
Sinceramente, até hoje não vi alguém não vir aqui e não se apaixonar. Até os argentinos, acho eu, que se encantam. Como não gostar? Tenho vontade de arrancar os cabelos da cabeça quando ouço brasileiro dizer que morar fora é melhor. É mesmo? Em sua grande maioria essas pessoas nunca foram nem para o Uruguai, nem a Argentina ou muito menos o Chile que estão aqui do lado. Ou se foram, vão só de férias. Não sabem o que estar fora do país por 1 ano ou mais. Não sabem o que estão perdendo aqui, acredito eu.
E o que é isso? Sim, o que é isso de tão maravilhoso que os americanos e provavelmente muitos outros estrangeiros adoram e os brazucas perdidos pelo mundo afora sonham todos os dias em ter? Não vamos dizer que é só porque o Brasil está "indo bem" agora econômicamente que todos querem estar aqui. Porque, cá entre nós, o dinheiro aqui não rende nada, principalmente se você for qualquer artigo importado. Na verdade, nem pensar em gastar dinheiro com isso aqui. Não. Não é isso, mas claro que contrubui o clima de otimismo com o país.
Então o que é? Será a comida maravilhosa, frutas frescas, variedade de salgados, doces, pratos e bebidas em geral. Será o cafezinho ou o futebol? Será a criatividade do nosso povo, seu bom humor e famoso "jeitinho" de levar e curtir a vida? Será o clima ou simplesmente as espetaculares praias e belezas naturais? Será nossa música ou ginga? Ou simplesmente o calor humano? Será tudo isso ou será que não é nada disso? Será que é simplesmente um sentimento inexplicável que se apodera da gente?
Não sei. Só sei que o Brasil sigue sendo o mesmo... apesar das mudanças, pro bem ou pro mal que ocorreram nos últimos 10 anos. E que esse Brasil de verde e amarelo, de sons e cores e muito carnaval é o meu país e o país de todos aqueles que por este país se apaixonam. Gringos ou não.
Como disse no Twitter, meu nível de estresse nos EUA era de mais de 100% e aqui até agora de 0,00001% Logo, não tenho motivos para reclamar. No entanto, sei que a "lua-de-mel" um dia acaba e as questões de sempre logo serão motivo para um post nem tão positivo. Mas por enquanto... fiquem com a voz da imortal Gal Costa "Lua de mel":
Lua-de-mel Mamam mamãe Eu tô em lua-de-mel Eu tô morando Num pedaço do céu
Faz tempo que não escrevo nada por aqui. Da última vez estava ainda em terras estrangeiras. Agora, já no Brasil, e em plena época de Copa, volto a escrever. Tema é que não falta. A adaptação, as pequenas e grandes alegrias, os acontecimentos dos últimos dias, a saída dos EUA, etc.
No entanto, vou falar do clima da Copa pois resume bem tudo isso que estou vivendo. Aqui no Brasil já sabem como é... lojas, ruas e até lugares comerciais são enfeitados com bandeirinhas brasileiras, tudo é verde e amarelo. Vendem-se camisetas e outros artigos para festejar já em antecedência daquele famoso "É Gooooool do Brasil il-il-il !!!" do Galvão Bueno.
Sem contar as promoções e os comerciais (geralmente que tem a ver com cerveja e a Argentina - rsrs) as notícias que bombardeiam a TV com história de outros mundias e a famosa Globo cobrindo a Copa com a Fátima Bernardes.
Mas tirando tudo isso, o clima da Copa é uma época onde o Brasil para e até as empresas fecham (funcionários saem mais cedo) para poder torcer pelo país amado. A paixão pelo país e pelo futebol é evidente. A alegria e vida do brasileiro fica evidente. Assim me sinto em relação ao Brasil desde que cheguei aqui. Tudo é alegria, tudo é celebração. Estou em clima de festa. Um verdadeiro estado de "lua-de-mel" com meu país que sinceramente espero que não passe nunca.
Minha prima me perguntou se tinha o Kit da Copa e, claro, nem me lembrava disso. Ela prometeu me conseguir um e pensei puxa que maravilha, até Kit pra Copa aqui tem. E quando penso que nos EUA, em Nova York, nem assistir direito o jogo a gente assistia... a gente tinha que adivinhar quando alguém fazia um gol na ESPN ou aturar o narrador argentino falar mal do Brasil e seus jogadores no canal hispano em qualquer jogo que a gente jogasse. Agradeço a Deus, uma e outra vez de ter deixado aquele país, que me deu muitas coisas boas ... mas que naquele âmbito é morto.
Se não acreditam, leiam aqui o depoimento de uma amiga brasileira que mora por lá.
Sou americana, do continente americano. Morei nos Estados Unidos da América, em Nova York, por 10 anos mas sou brasileira nata apesar da descendência chilena. Nasci em São Paulo. Amo aqui, lá e acolá.
Adoro viajar, fazer amizades, assistir filmes e fazer críticas de cinema, principalmente de documentários, ter altos papos e falar de tudo um pouco principalmente política, ativismo e temas relacionados à Mídia e Cultura. Graduada em Letras e Comunicações, sou Analista de Mídia, falo três idiomas e quero ainda aprender mais.
Acima de tudo, sou uma pessoa simples e muito tranquila, apesar da minha natureza crítica.
Prefiro montanhas a praias, cachorros a gatos e a alegria típica do povo brasileiro e latino a frieza do norte-americano.
Em 2010 voltei à América do Sul, sem ter nem data certa nem lugar pra ficar. No momento me encontro em minha terra natal, onde sou livre de novo. Sou muito feliz.