Thursday, July 8, 2010

When something ends, something else begins

Já faz mais de um mês desde que cheguei em São Paulo. Muitas coisas aconteceram que mereciam posts, mas por um motivo ou outro não puderam ser escritas. Talvez este não seja o momento mais oportuno pra escrever mas quem sabe não é justamente ao contrário. Veremos...

Hoje , pela primeira vez desde que cheguei, fiquei triste. Pode-se dizer que tudo começou no dia 4 de julho, domingo passado, um mês exato da minha chegada, com um certo sentimento de melancolia. Mesmo que passageiro, não pude evitar... achei estranho não estar lá nos EUA, senti faltas das minhas boas amizades e também da minha irmã, meu apartamento, minhas coisas...

Desde que escrevi o último post irônicamente intitulado "Lua-de-mel no Brasil", tive um reencontro emocionante com meu pai (faziam aprox. 10 anos que não nos viamos), fiquei doente (peguei a famosa "conjutivitits") sendo obrigada a ficar em casa sem trabalhar por 10 dias, o Brasil ficou fora da copa, meu pai foi embora, voltei ao trabalho, revi meu ex-namorado... enfim, básicamente isso. O fato é que tanta mudança, tanta emoção (de rever meu país, meu pai, etc.) mexeu demais comigo. Só que eu só vim perceber isso agora. Parece que agora caiu finalmente a ficha... a vida que era já não é mais, os sonhos não são os mesmos e o pesadelo finalmente acabou. Mas será?


PAPI & EU NO AEROPORTO


Desde que cheguei aqui tenho estado muito feliz, extremamente otimista e todo esse estado de ânimo tem me afetado muito, para o bem - claro. Nos últimos dias tenho comido de tudo (e comido pra caramba) e ainda sim estou perdendo peso (quero dizer, voltando ao meu peso normal). Mas a verdade é que apesar de estar 110% feliz com a mudança, há uma parte de mim que ainda não assimilou direito a perda. Afinal, 10 anos em outro país, em outra cidade, é uma separação, uma morte digamos assim...

Hoje ao ver um filme aqui em casa, desabei, todo aquele sentimento guardado (que tinha ficado abafado pelas alegrias de estar aqui e a presença do meu pai) vieram à tona. Aquela sensação de frustração, de perceber que ainda falta muito chão pela frente, que as dívidas continuam, que o excesso de trabalho deve continuar, que certas coisas já se foram e não voltarão, que minha "casa" não vai ser mais a que era (leia-se Nova York) e que a solidão ainda existe - apesar dos inesperados reencontros - me afetou.

O filme era uma história supostamente romântica mas triste também. Não vou contar os detalhes mas era básicamente sobre um cara que perdeu a esposa em um acidente e volta a se apaixonar. No fim (e depois de várias soluçadas - da minha parte, lógico), ficou essa frase:

"...When something ends, something else begins"

Aceitar algo que se acaba não é fácil. Já passei por isso várias vezes. Porém sempre insisto em ignorar, de fazer de conta que não acabou, mas a verdade é que enquanto não se fecha uma página da nossa vida e, como dizem por aqui, se passa a "bola pra frente" a gente fica stuck, não consegue avançar - fica só dando na mesma tecla mesmo com o teclado sendo diferente.

Esses dias em São Paulo tem sido muito bons pra mim mas agora está na hora de encarar a realidade de novo. Há muito por fazer e não dá pra viver só de ilusão. Porém antes de arregaçar as mangas e continuar com garra na luta, acredito que é necessário deixar pra trás o que não serve mais. No caso, me despido de Nova York, dos Estados Unidos, com certa tristeza, por tudo de bom que vivi lá, mas também com a certeza que era necessário pois só assim sou capaz receber as maravilhosas bençãos que recebo agora.

Afinal, "quando algo se acaba, algo novo começa"

Wednesday, June 16, 2010

Lua-de-mel no Brasil

Sim, nada mudou ainda. Desde que cheguei aqui, há quase 2 semanas, ainda continuo em estado de choque... no bom sentido, é claro. Vivo em uma constante fase de lua-de-mel. Até quando irá durar... não sei, nem quero saber. Estou curtindo e se Deus quiser não irá passar tão rápido.

Por que, vocês se perguntam? Por que depois de tantos anos fora do país amado, em supostamente um país desenvolvido, eu iria sentir falta de um país, afinal de contas, tupiniquim? Oras, motivos não faltam... americano que o diga. Ficam encantados com o país. Já dei muita aula de português para americano enquanto morava em Nova York, e sempre, sempre, era a mesma história... eram pessoas que gostavam de viajar, geralmente curtiam a América Latina e um dia por curiosidade ou destino acabaram vindo pra cá. E, é claro, se apaixonam e daí vivem voltando... são vítimas fatais do Brasil e sofrem pra sempre daquela doença chamada saudade. :)

Sinceramente, até hoje não vi alguém não vir aqui e não se apaixonar. Até os argentinos, acho eu, que se encantam. Como não gostar? Tenho vontade de arrancar os cabelos da cabeça quando ouço brasileiro dizer que morar fora é melhor. É mesmo? Em sua grande maioria essas pessoas nunca foram nem para o Uruguai, nem a Argentina ou muito menos o Chile que estão aqui do lado. Ou se foram, vão só de férias. Não sabem o que estar fora do país por 1 ano ou mais. Não sabem o que estão perdendo aqui, acredito eu.

E o que é isso? Sim, o que é isso de tão maravilhoso que os americanos e provavelmente muitos outros estrangeiros adoram e os brazucas perdidos pelo mundo afora sonham todos os dias em ter? Não vamos dizer que é só porque o Brasil está "indo bem" agora econômicamente que todos querem estar aqui. Porque, cá entre nós, o dinheiro aqui não rende nada, principalmente se você for qualquer artigo importado. Na verdade, nem pensar em gastar dinheiro com isso aqui. Não. Não é isso, mas claro que contrubui o clima de otimismo com o país.

Então o que é? Será a comida maravilhosa, frutas frescas, variedade de salgados, doces, pratos e bebidas em geral. Será o cafezinho ou o futebol? Será a criatividade do nosso povo, seu bom humor e famoso "jeitinho" de levar e curtir a vida? Será o clima ou simplesmente as espetaculares praias e belezas naturais? Será nossa música ou ginga? Ou simplesmente o calor humano? Será tudo isso ou será que não é nada disso? Será que é simplesmente um sentimento inexplicável que se apodera da gente?

Não sei. Só sei que o Brasil sigue sendo o mesmo... apesar das mudanças, pro bem ou pro mal que ocorreram nos últimos 10 anos. E que esse Brasil de verde e amarelo, de sons e cores e muito carnaval é o meu país e o país de todos aqueles que por este país se apaixonam. Gringos ou não.

Como disse no Twitter, meu nível de estresse nos EUA era de mais de 100% e aqui até agora de 0,00001% Logo, não tenho motivos para reclamar. No entanto, sei que a "lua-de-mel" um dia acaba e as questões de sempre logo serão motivo para um post nem tão positivo. Mas por enquanto... fiquem com a voz da imortal Gal Costa "Lua de mel":

Lua-de-mel
Mamam mamãe
Eu tô em lua-de-mel
Eu tô morando
Num pedaço do céu

Friday, June 11, 2010

Clima de Copa

Olá, amigos!

Faz tempo que não escrevo nada por aqui. Da última vez estava ainda em terras estrangeiras. Agora, já no Brasil, e em plena época de Copa, volto a escrever. Tema é que não falta. A adaptação, as pequenas e grandes alegrias, os acontecimentos dos últimos dias, a saída dos EUA, etc.

No entanto, vou falar do clima da Copa pois resume bem tudo isso que estou vivendo. Aqui no Brasil já sabem como é... lojas, ruas e até lugares comerciais são enfeitados com bandeirinhas brasileiras, tudo é verde e amarelo. Vendem-se camisetas e outros artigos para festejar já em antecedência daquele famoso "É Gooooool do Brasil il-il-il !!!" do Galvão Bueno.

Sem contar as promoções e os comerciais (geralmente que tem a ver com cerveja e a Argentina - rsrs) as notícias que bombardeiam a TV com história de outros mundias e a famosa Globo cobrindo a Copa com a Fátima Bernardes.



Mas tirando tudo isso, o clima da Copa é uma época onde o Brasil para e até as empresas fecham (funcionários saem mais cedo) para poder torcer pelo país amado. A paixão pelo país e pelo futebol é evidente. A alegria e vida do brasileiro fica evidente. Assim me sinto em relação ao Brasil desde que cheguei aqui. Tudo é alegria, tudo é celebração. Estou em clima de festa. Um verdadeiro estado de "lua-de-mel" com meu país que sinceramente espero que não passe nunca.

Minha prima me perguntou se tinha o Kit da Copa e, claro, nem me lembrava disso. Ela prometeu me conseguir um e pensei puxa que maravilha, até Kit pra Copa aqui tem. E quando penso que nos EUA, em Nova York, nem assistir direito o jogo a gente assistia... a gente tinha que adivinhar quando alguém fazia um gol na ESPN ou aturar o narrador argentino falar mal do Brasil e seus jogadores no canal hispano em qualquer jogo que a gente jogasse. Agradeço a Deus, uma e outra vez de ter deixado aquele país, que me deu muitas coisas boas ... mas que naquele âmbito é morto.

Se não acreditam, leiam aqui o depoimento de uma amiga brasileira que mora por lá.

Viva a vida. Viva a Copa. Viva o Brasil!!!

Sunday, May 30, 2010

Contagem Regressiva!!

Time flies. O tempo vôa.

Esses dias todos eu fiquei por aí, "escondida", vocês já imaginam porque. Corre corre dos preparativos próprios de deixar o país após 10 longos anos, que, aliás, passaram voando.

Além disso... fiquei muito sick. Aqui tem uma palavra em inglês que é mais ou menos equivalente à saudade, dizemos homesick. Geralmente se tem isso após sair de um lugar que se considera seu lar. No meu caso, eu fiquei home-sick mesmo. Ou seja, fiquei doente em casa. Como assim? Pois é, fiquei bem doente esses dias já em antecipação à minha saída daqui. Quer dizer que de agora em adiante não poderei ficar mais homesick ou home and sick. ;-)

Mas essas são águas passadas, assim como tudo o que já vivi aqui. Agora só miro o futuro, o futuro de volta no meu país lindo e maravilhoso. Minha cidade amada. Com todos seus problemas (trânsito, segurança e poluição) e oportunidades... eu volto com os braços abertos, assim como o Cristo Redentor, mas com perspectivas humanas. Afinal, sou apenas uma mortal que ainda tem muito por aprender e muito chão pela frente.

Meu pai sempre dizia "Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar". Pura verdade. Vou deixando todo o caminho percorrido, para criar outro ainda desconhecido, por vir. Para alguns esse caminho é completamente absurdo. Afinal, para quê deixar esse país "desenvolvido" como dizem, para ir à um que é ainda bem menos avançado? Como explicar? Posso falar e falar e falar mas só aqueles que moram (ou já moraram) fora do país, em qualquer país, conseguem compreender. E mesmo assim, nem todos entendem. Como explicar experiências pessoais à outras pessoas? Impossível.

Aqui no MTA (Metropolitan Transportation Authority), que é a empresa que se encarrega do transporte de Nova York, eles sempre dizem - principalmente se você anda de metrô: "Sometimes you have to move backward, to move forward" em uma frase que se refere à necessidade de retroceder, para avançar. Dizem isso porque às vezes o metrô passa (pula) uma estação e depois volta já que fazem construções (eternas manuntenções, na verdade) nas vias para melhorar o sistema.



É assim que eu vou descrever meu move daqui pra frente. Se alguém perguntar, mas por que voltar para o Brasil? Oh NY is so chique, sooo nice. Well, às vezes você tem que retroceder, para avançar. O que é uma grande verdade na vida. Nunca sabemos o que a vida nos trás, às vezes as maiores bençãos se transformam em tormentos, e as maiores 'maldições' se transformam em bençãos. Eu acredito no bem, na vida, no otimismo brasileiro. E por isso que conto tudo como uma grande benção. Sei que nem sempre tudo na vida é linear, e se alguém ainda tem dúvida...

O Caminho se faz ao andar, minha gente!! Aqui, no Brasil ou na China. Nós somos os capitães de nosso destino, com ou sem boa economia. Com ou sem bom tempo. Basta acreditar. Não adianta pensar aqui é melhor, ou alí é pior. Existe tua vontade, e tua vontade somente em mudar o que precisa ser mudado, e aceitar o que ainda não pode ser mudado.

E enquanto isso... começa a contagem regressiva. Hoje tem uma festinha entre amigos para dizer "goodbye" e espero poder postar, mas talvez o próximo post será feito lá no Brasil. :)

Até logo mais!!

Monday, April 26, 2010

Novidades...

Bom, faz tempo desde a última vez que postei. Depois de um período de "ups & downs", veio um período de muita dúvida e até mesmo medo, quase paralizante. Graças a Deus, isso não durou muito. Cada dia que passa percebo que este meu caminho de volta é o caminho certo, o meu caminho. Minha vida nunca foi igual à da maioria das pessoas e não era agora que ia ser diferente.

Vamos lá. Vou contando as novidades:

1. Consegui alugar o quarto por alguns dias em maio. Além de me ajudar com o aluguel do apto. e aliviar o estresse - já que minha roommate decidiu sair assim "de repente" - me dá espaço para ajeitar minhas coisas e ficar tranquila. É uma senhora que vem da Califórnia conhecer seu neto recém nascido. O casal é um amor e mora aqui perto. Depois vou postar fotinhos pra vocês verem.

2. Apesar de ainda não decidir a data de saída, está quase claro o destino. Ainda não quero dizer onde com absoluta certeza, pois depende de uma coisa só: de um emprego. Mas está quase certo que é o Brasil. O lado bom disso tudo é que iria voltar para minha pátria amada (uma delas) e já teria algumas chances de começar a trabalhar. O lado menos legal é que não iria ver minha familia, que não vejo há aprox. 10 anos. Mas nisso eu dou um jeito logo logo, com a graça de Deus.

3. Tenho alguns contatos ótimos de trabalho no Brasil. Estou muito feliz com isso e ainda com as dificuldades que se aproximam, me sinto muito animada. Mal posso esperar ter plano de saúde, colegas de trabalho, vale-refeição e transporte além de comer comida mais saúdavel e fazer mais exercício, é claro, não vejo a hora de curtir os feriados... e férias!! rsrs Mas isso ainda está bem longe de se concretizar. hehe

4. Estou vendendo, doando e separando tudo que vou enviar em caixa. Logo mais vem a parte mais díficil que é a separação de minha irmã e tudo mais... Enfim, uma coisa de cada vez. Aliás, esta parte até que estou gostando. Eu sou bem apegada às coisas, já que no passado mudei várias vezes de casa. Tantas vezes e desde que era bem pequena, então me afeta muito ir deixando coisas pra trás... apesar de estar "acostumada". Desta vez, no entanto, está sendo gostoso... estou fazendo a mudança paulatinamente... e não há nada melhor do que dar algo à alguém que você gosta ou que sabe que possa vir a usar. E as poucos vou jogando tudo o que não serve para dar espaço ao novo e maravilhoso que virá na minha vida. É uma ótima experiência.

5. Estou indo bem nas aulas da faculdade. Sábado passado fizemos uma apresentação (um projeto em grupo) na minha aula de cinema e saiu ótima, considerando toda a loucura que foi esses últimos dias. E além do mais, ganhei um A+ no projeto de grupo anterior. Na outra aula de cinema, como desenvolver o documentário, tirei um A também. E agora falta só me concentrar nos dois últimos papers. Um será sobre o filme "City of God" (sim, é o "Cidade de Deus"!!) e o outro sobre meu projeto de documentário. Esse promete ser divertido. Irei postar aqui minhas ideias em breve.... fiquem de olho.

Então, era isso. Tem mais? Sim, tem mais em breve. Pelo visto agora não tem mais volta, e só coisas boas estão e virão. A fase é de Up, Up, Up... pois só o fato que minha vida não esteja mais Up in the Air já é uma grande coisa.Italic

Deixo este post com o trailer do filme "Up in the Air" já que será o motivo de meu próximo post... talking about home, work, travel... and love. ;-)

Tuesday, April 13, 2010

Altos e baixos, ou "ups & downs"

Dizem que a vida tem altos e baixos. Em inglês, há também o equivalente: the ups & downs of life.

Minha vida nos últimos dias tem sido uma sucessão de altos e baixos. Me atreveria até a dizer que minha vida agora sofre de uma espécie de bipolaridade sórdida. É que tem horas que tudo parece dar uma guinada à direita e depois volta-se bruscamente à esquerda. Enfim, assim é a vida, ou não?

Sei que este post vai soar negativo, mas é porque provavelmente ele é. Estou na fase do "down", então aguente ler se for capaz. Após meu último "hope-full" post onde comentava sobre sonhos que se concretizam, das coisas que a gente quer e luta com todo o coração, aconteceram coisas que me abalaram, mesmo sem eu querer. Para me entenderem teriam que conhecer melhor minha história. Sobre decepção trás decepção que sofri e venho sofrendo no mercado de trabalho americano. Mas como bem me lembra uma querida amiga brasileira que mora aqui nos EUA já há alguns anos, isso não é "privilégio" de imigrante. Ela confessa nunca ter sofrido nada parecido. E garanto que não é a única em dizer o mesmo. E olhando pelo ponto de vista dela, dessas pessoas imigrantes legais, porém com 'cartão verde' o famoso green card, é claro que há pouco do que reclamar... Mas só a gente mesmo pra saber onde é que o sapato aperta, não é?

Mas então, deixando tudo isso pra lá... Afinal, minha ideia com o blog não é agradar todo mundo mas dividir minha experiência com aqueles que gostariam de ver o outro lado da vida americana. Além de, é claro, me ajudar a passar por momentos de decisões difíceis, como a que estou prestes a tomar, e documentar minha volta, os preparativos, a saída, a chegada e as mudanças pela que irei, novamente, passar. Bom, deixando as explicações de lado... vou eu escrever sobre o que tenho vivido nos últimos dias apesar de não poder dar muitos detalhes. Não, enquanto haja um laço entre eu e a empresa onde trabalho. O último que aconteceu foi outro "golpe", por assim dizer. Reconheço que minha auto-estima a esta altura do campeonato está bem devastada. O que fazer para retomá-la? Confesso que não sei. Não "posso" pedir as contas. Quer dizer, poder posso, né? Mas quem paga as contas? Sim, sei que não sou a única a passar por isso. Tem gente em toda parte do planeta na mesma situação, parecida ou pior. Ok, OK! Mas eu nunca fui de me acomodar. Apenas espero a hora certa para agir...

Falando nisso lembrei do que ouvi hoje à noite no programa Lost (um dos meus shows favoritos aqui na América): "There is a difference between doing nothing and waiting" - Ou seja, "há uma diferença entre o não fazer nada e o esperar". Acredito nisso. A experiência me diz que às vezes também é mais sábio esperar. Mas o não fazer nada, como o pretexto de esperar, é também considerado sábio? Há ainda uma grande máxima americana, que todos conhecem bem (afinal, é o slogan da empresa americana Nike), o Just do it. E parece-me apropriado nesse momento lembrar-me disso.



Enfim, a saga, ou seja minha história mais recente. A história é que enquanto escrevia o post anterior, ainda haviam chances de continuar na América. E, por fim, poder dizer: "vim, vi e venci". Pois é, hoje estou cheia de clichés. Que dizer, "eu vim, vi e venci" em muitos aspectos mas não no professional. Isso vocês já sabem bem... Então, a saga. Bom, essa parte não deu certo. Minha única opção morreu afogada em plena praia. Eu ia conseguir uma última entrevista de emprego, após mesmo uma outra que fizera recentemente por contato da amiga blogueira, a RioGringa, que já decidira seria a última. Minha irmã que trabalha em uma empresa pequena fora da cidade, me disse que a economia está melhorando... tanto que, de fato, a empresa onde ela trabalha está contratando. Como faltam pessoas capacitadas que queiram fazer a espécie de trabalho que ela faz, naquela área, etc. ela pensou em mim. Teria sido ideal, considerando que essa empresa ajudou minha irmã a conseguir o visto de trabalho e logo o "bendito" greencard. E cá entre nós, não ligo a mínima para o greencard, só o visto já estaria de bom tamanho. Ok, não rolou porque somos irmãs e a empresa tem como regra não contratar familiares. E não teve jeito (apesar da insistência de minha irmã), mesmo quando as vagas não fossem no mesmo lugar onde minha irmã trabalha, etc e tal.

À continuação, toda animada, e já mais segura de mim mesma, comecei a fazer pesquisa sobre a vida no Brasil. Busquei informação sobre o Rio de Janeiro e São Paulo. Também olhei o Chile, já que estarei visitando meus pais. Confesso que desde que soube que queria voltar, e já sabendo que não haveria mias chance, me sentia mais leve ainda. Mesmo sabendo que seria tudo novo, e me depararia ainda com vários obstáculos. No entanto, vendo e vivendo a minha situação atual, me pareceu que seria uma verdadeira liberação. Pena que o entusiasmo não durou. Esse período up (de saber que realmente todas as portas se fechavam aqui e minha saída era iminente) que seguia de um down onde fui lembrada do quanto sou apreciada e bem visto nos olhos de meu chefe, culminou hoje. Eu bem disse, altos e baixos, não disse?

A verdade é que com prazos para cumprir no serviço, fiquei tão atarefada que não pude resolver muitas coisas nos últimos dias. Não pude, por exemplo, até agora renovar o anúncio que fiz no Craigslist para o quarto que pretendo alugar para o próximo mês (já que como contava minha roommate está me deixando no fim de abril), nem muito menos começar a separar as coisas para enviar pro Chile (afinal comprei a caixa já há alguns dias atrás).

Esta semana ainda continua busy, mas decidi dar uma paradinha neste momento, para documentar isto tudo e refletir. Este último período down da minha vida é devido ao que eu chamo de cold feet, ou seja, "estou com pé atrás" sobre a minha decisão de voltar ao Brasil. E devido a que, você se pergunta. Bom, hoje tive uma espécie de entrevista (a qual, de novo, não posso dar muitos detalhes) e me fez pensar que realmente vou ter que começar do ZERO. Vai ser uma transformação radical e levará tempo. Dias melhores virão, mas não serão assim, em alguns quantos meses. Isso eu já sabia, mas mesmo assim... desta vez, em vez de friozinho na barriga, uma adrenalina legal que corre nas veias quando a gente sente quando está prestes a se confrontar com uma grande aventura, se transformou em algo, assim digamos, não muito agradável. Senti medo... mas não o do tipo que é natural nestas situações. Senti algo que até agora não tinha sentido. E pensei algo que até agora não tinha pensado: E se não der certo?

O que senti foi uma sensação de perda, de fracasso. Sei bem que sem fracasso não há vitórias. Aprendi a gostar das perdas e a aceitar o que vier, mas não foi isso o que senti, senti... MEDO DE NUNCA CHEGAR LÁ. Onde é esse lá? Lá, onde quero chegar. Tenho medo de me desviar do caminho que me levará à satisfação pessoal por dinheiro, por excesso ou falta, ou simplesmente, por falta de coragem. Estou em um momento onde decisões devem ser tomadas. Já não posso, simplesmente, seguir esperando. O tempo não para, e já não sou mais tão jovem quanto pareça ser, eu não posso continuar esperando por coisas que são tão pouco provaveis de acontecer. Ao mesmo tempo, me pergunto e se espero um pouco mais... ?

Não é fácil decidir. Uma coisa que aprendi a admirar dos americanos é a mentalidade just do it e a yes you can. Desde pequenos aprendem isto. Eu sei que posso, mas quando a gente está razoavelmente bem, vivendo em uma situação aparentemente confortável, o mudar tudo, começar do nada, o faça-o somente, se torna mais bem um emblema daqueles poucos que são corajosos demais para ousar continuar sonhando, continuar nadando mesmo quando a praia e os objetivos estão a milhares e milhares de quilomêtros daqui.

Amanhã será um outro dia. Um outro up há de vir. Por isso, vou dormir sorrindo, sabendo que isso faz parte da vida, da minha vida, da de todos nós. Dias melhores virão, sem sombra de dúvidas.

Thursday, April 8, 2010

Dreams..."Sonhos que você anseia com todo o coração"

Últimamente, tenho ouvindo canções no meu ITunes que há anos não ouço. Então, enquanto ouvia o album da Gloria Steffan, que aliás foi um "presente" de uma aluna de português, uma americana que estava se desfazendo de coisas antigas (risos) - confesso que não sou muito fã dessa cantora - estava terminando de completar uma prova para minha faculdade.

Justo no momento que tocava "Reach" escrevia um esboço sobre um projeto, que me daria pontos extras na prova. O meu projeto se trata de falar sobre a vida dos imigrantes na América, pessoas que assim como eu vieram atrás de um sonho...

Como a vida imigrante é um assunto complexo, decidi me concentrar no Dream Act, que é uma proposta de lei que legalizaria a situação de jovens ilegais aqui. É por isso que recentemente voltei à Washington, estive lá passeando em 2001, e daí a explicação da foto ao lado sobre a minha visita.

Letra da música Reach em inglês. Para uma versão (não muito boa, mas decente) em português clique aqui:

Reach
"Some dreams live on in time, forever
Those dreams, you want with all your heart
And I'll do whatever it takes
Follow through with the promise I made
Put it all on the line
What I hoped for at last would be mine

If I could reach, higher
Just for one moment touch the sky
From that one moment in my life
I'm gonna be stronger
Know that I've tried my very best
Put my spirit to the test
If I could reach

Some days are meant to be remembered
Those days we rise above the stars
So I'll go the distance this time
Seeing more the higher I climb
That the more I believe
All the more that this dream will be mine...




...If I could reach, higher
Just for one moment touch the sky
From that one moment in my life
I'm gonna be stronger
Know that I've tried my very best
I'd put my spirit to the test
If I could reach

If I could reach, higher
Just for one moment touch the sky
From that one moment in my life
I'm gonna be stronger
I'm gonna be so much stronger yes I am
I've tried my very best
I'd put my spirit to the test

If I could reach
If I could, If I could
If I could reach
Reach, I'd reach, I'd reach
I'd reach', I'd reach so much higher
Be stronger, higher, higher"

Sim, uma música e tanto. Fala sobre sonhos, sobre a coragem para vencer os obstáculos e o não desisitir. Ser forte e seguir sempre tendo com alvo "higher".

O sonho americano, para muitos no Brasil é o ter uma casa própria, para os americanos uma mansão ou duas. No Brasil um carro, aqui um pra cada membro da familia. E por aí vai. O colapso do mercado financeiro mudou um pouco a maneira de ver as coisas. Mas o consumismo continua. Para muitos, no entanto, aqui na terra do tio Sam, ou no Brasil, terras tupiniquins, o sonho é simplesmente um: poder alçar vôo.

Hoje em dia a educação, uma boa educação, é fundamental. Aqui nos EUA assim como no Brasil ela tem um preço, e infelizmente, não é barato. Conhecimento, que deveria ser um direito do ser humano, virou mais um bem de consumo. Hoje em dia, é um sonho. Triste, porém certo, hoje em dia mesmo com conhecimento e experiência, você só chega a certos lugares se tiver vários requisitos. O famoso QI brasileiro (quem indique) e o manejo em línguas estrangeiras, além de um diploma em faculdades de nome, de preferência no exterior, abre portas.

No post anterior falei da minha principal frustração aqui. O fato que minha educação e conhecimento não valham muito por ser graduada de uma faculdade pública ou de não ter uma educação ainda maior (como o que seria um Mestrado, Master Degree) ou simplesmente por causa que as empresas grandes obedeçam certas regras internas, que considero simplesmente discriminatórias, ou seja, preconceituosas, não é nada comparado ao que jovens praticamente americanos (já que vivem aqui desde que se conhecem por gente) tem que viver aqui ao sair do colegial. Os sonhos deles são aniquilados simplesmente por culpa de um governo, um sistema, que há anos vem sendo indiferente a um problema que deveria ter sido resolvido já há muito tempo.

Meu sonho, o sonho desses jovens, era e é somente esse: estudar. Eu consegui o meu, outros não conseguirão ou como eu não terão a chance de obter um trabalho que faça mérito ao seu conhecimento e habilidades, simplesmente porque não possuem um pedaço de papel. Acredito que a grande luta por direitos humanos desta década nos EUA é essa: não pode-se falar em dias melhores enquanto continuem existir aberrações como essa, onde filhos de imigrantes, o futuro da nação e do mundo venha a pagar pela culpa de um sistema inútil e mesquinho.

Eu sou apenas estrangeira, imigrante. Meu sonho eu continuo até acalçá-lo, sempre focando mais alto, pois sonhos não existem por acaso. Eles existem para se concretizar. Aqui, no Brasil, no Chile ou onde quer que seja, eu vou vencer. Mas estes jovens... que sonhos eles terão, se não houver uma lei, algo que os proteja? Eu não sei, mas eu só sei que as pessoas deveriam parar para pensar nisso. Tenho certeza absoluta que estes individuos de grande força, coragem, iniciativa e talento retribuirão ao seu país com os braços abertos. Todos tem a ganhar com isso.