Dizem que a vida tem altos e baixos. Em inglês, há também o equivalente:
the ups & downs of life.
Minha vida nos últimos dias tem sido uma sucessão de altos e baixos. Me atreveria até a dizer que minha vida agora sofre de uma espécie de bipolaridade sórdida. É que tem horas que tudo parece dar uma guinada à direita e depois volta-se bruscamente à esquerda. Enfim, assim é a vida
, ou não?
Sei que este post vai soar negativo, mas é porque provavelmente ele é. Estou na fase do "down", então aguente ler se for capaz. Após meu último
"hope-full" post onde comentava sobre sonhos que se concretizam, das coisas que a gente quer e luta com todo o coração, aconteceram coisas que me abalaram, mesmo sem eu querer. Para me entenderem teriam que conhecer melhor minha história. Sobre decepção trás decepção que sofri e venho sofrendo no mercado de trabalho americano. Mas como bem me lembra uma querida amiga brasileira que mora aqui nos EUA já há alguns anos, isso não é "privilégio" de imigrante. Ela confessa nunca ter sofrido nada parecido. E garanto que não é a única em dizer o mesmo. E olhando pelo ponto de vista dela, dessas pessoas imigrantes legais, porém com 'cartão verde' o famoso
green card, é claro que há pouco do que reclamar... Mas só a gente mesmo pra saber onde é que o sapato aperta, não é?
Mas então, deixando tudo isso pra lá... Afinal, minha ideia com o blog não é agradar todo mundo mas dividir minha experiência com aqueles que gostariam de ver o outro lado da vida americana. Além de, é claro, me ajudar a passar por momentos de decisões difíceis, como a que estou prestes a tomar, e documentar minha volta, os preparativos, a saída, a chegada e as mudanças pela que irei, novamente, passar. Bom, deixando as explicações de lado... vou eu escrever sobre o que tenho vivido nos últimos dias apesar de não poder dar muitos detalhes. Não, enquanto haja um laço entre eu e a empresa onde trabalho. O último que aconteceu foi outro "golpe", por assim dizer. Reconheço que minha auto-estima a esta altura do campeonato está bem devastada. O que fazer para retomá-la? Confesso que não sei. Não "posso" pedir as contas. Quer dizer, poder posso, né? Mas quem paga as contas? Sim, sei que não sou a única a passar por isso. Tem gente em toda parte do planeta na mesma situação, parecida ou pior. Ok, OK! Mas eu nunca fui de me acomodar. Apenas espero a hora certa para agir...
Falando nisso lembrei do que ouvi hoje à noite no programa
Lost (um dos meus shows favoritos aqui na América):
"There is a difference between doing nothing and waiting" - Ou seja, "há uma diferença entre o não fazer nada e o esperar". Acredito nisso. A experiência me diz que às vezes também é mais sábio esperar. Mas o não fazer nada, como o pretexto de esperar, é também considerado sábio? Há ainda uma grande máxima americana, que todos conhecem bem (afinal, é o slogan da empresa americana
Nike), o
Just do it. E parece-me apropriado nesse momento lembrar-me disso.

Enfim, a saga, ou seja minha história mais recente. A história é que enquanto escrevia o post anterior, ainda haviam chances de continuar na América. E, por fim, poder dizer: "vim, vi e venci". Pois é, hoje estou cheia de clichés. Que dizer, "eu vim, vi e venci" em muitos aspectos mas não no professional. Isso vocês já sabem bem... Então, a saga. Bom, essa parte não deu certo. Minha única opção morreu afogada em plena praia. Eu ia conseguir uma última entrevista de emprego, após mesmo uma outra que fizera recentemente por contato da amiga blogueira, a RioGringa, que já decidira seria a última. Minha irmã que trabalha em uma empresa pequena fora da cidade, me disse que a economia está melhorando... tanto que, de fato, a empresa onde ela trabalha está contratando. Como faltam pessoas capacitadas que queiram fazer a espécie de trabalho que ela faz, naquela área, etc. ela pensou em mim. Teria sido ideal, considerando que essa empresa ajudou minha irmã a conseguir o visto de trabalho e logo o "bendito"
greencard. E cá entre nós, não ligo a mínima para o
greencard, só o visto já estaria de bom tamanho. Ok, não rolou porque somos irmãs e a empresa tem como regra não contratar familiares. E não teve jeito (apesar da insistência de minha irmã), mesmo quando as vagas não fossem no mesmo lugar onde minha irmã trabalha, etc e tal.
À continuação, toda animada, e já mais segura de mim mesma, comecei a fazer pesquisa sobre a vida no Brasil. Busquei informação sobre o Rio de Janeiro e São Paulo. Também olhei o Chile, já que estarei visitando meus pais. Confesso que desde que soube que queria voltar, e já sabendo que não haveria mias chance, me sentia mais leve ainda. Mesmo sabendo que seria tudo novo, e me depararia ainda com vários obstáculos. No entanto, vendo e vivendo a minha situação atual, me pareceu que seria uma verdadeira liberação. Pena que o entusiasmo não durou. Esse período
up (de saber que realmente todas as portas se fechavam aqui e minha saída era iminente) que seguia de um
down onde fui lembrada do quanto sou apreciada e bem visto nos olhos de meu chefe, culminou hoje. Eu bem disse, altos e baixos, não disse?
A verdade é que com prazos para cumprir no serviço, fiquei tão atarefada que não pude resolver muitas coisas nos últimos dias. Não pude, por exemplo, até agora renovar o anúncio que fiz no
Craigslist para o quarto que pretendo alugar para o próximo mês (já que como contava minha roommate está me deixando no fim de abril), nem muito menos começar a separar as coisas para enviar pro Chile (afinal comprei a caixa já há alguns dias atrás).
Esta semana ainda continua
busy, mas decidi dar uma paradinha neste momento, para documentar isto tudo e refletir. Este último período
down da minha vida é devido ao que eu chamo de
cold feet, ou seja, "estou com pé atrás" sobre a minha decisão de voltar ao Brasil. E devido a que, você se pergunta. Bom, hoje tive uma espécie de entrevista (a qual, de novo, não posso dar muitos detalhes) e me fez pensar que realmente vou ter que começar do ZERO. Vai ser uma transformação radical e levará tempo. Dias melhores virão, mas não serão assim, em alguns quantos meses. Isso eu já sabia, mas mesmo assim... desta vez, em vez de friozinho na barriga, uma adrenalina legal que corre nas veias quando a gente sente quando está prestes a se confrontar com uma grande aventura, se transformou em algo, assim digamos, não muito agradável. Senti medo... mas não o do tipo que é natural nestas situações. Senti algo que até agora não tinha sentido. E pensei algo que até agora não tinha pensado: E se não der certo?
O que senti foi uma sensação de perda, de fracasso. Sei bem que sem fracasso não há vitórias. Aprendi a gostar das perdas e a aceitar o que vier, mas não foi isso o que senti, senti... MEDO DE NUNCA CHEGAR LÁ. Onde é esse lá? Lá, onde quero chegar. Tenho medo de me desviar do caminho que me levará à satisfação pessoal por dinheiro, por excesso ou falta, ou simplesmente, por falta de coragem. Estou em um momento onde decisões devem ser tomadas. Já não posso, simplesmente, seguir esperando. O tempo não para, e já não sou mais tão jovem quanto pareça ser, eu não posso continuar esperando por coisas que são tão pouco provaveis de acontecer. Ao mesmo tempo, me pergunto e se espero um pouco mais... ?
Não é fácil decidir. Uma coisa que aprendi a admirar dos americanos é a mentalidade
just do it e a
yes you can. Desde pequenos aprendem isto. Eu sei que posso, mas quando a gente está razoavelmente bem, vivendo em uma situação aparentemente confortável, o mudar tudo, começar do nada, o
faça-o somente, se torna mais bem um emblema daqueles poucos que são corajosos demais para ousar continuar sonhando, continuar nadando mesmo quando a praia e os objetivos estão a milhares e milhares de quilomêtros daqui.
Amanhã será um outro dia. Um outro
up há de vir. Por isso, vou dormir sorrindo, sabendo que isso faz parte da vida, da minha vida, da de todos nós. Dias melhores virão, sem sombra de dúvidas.